A Genética é uma das minhas paixões e um dos meus principais focos de estudo. Há investigações que apontam que o comportamento animal é, principalmente, fruto da genética. Chamamos-lhe instinto. O animal humano tem esse instinto, que o leva a ter um comportamento semelhante aos seus pais.
O post do meu caro amigo horned_dog recordou-me alguns estudos do comportamento humano (logo, animal) levados a cabo por Marques Teixeira, psiquiatra, investigador da Universidade do Porto, que relevavam a descendência como o factor mais importante para apresentar comportamentos anti-sociais. De acordo com as investigações, filhos de criminosos têm maior probabilidade de apresentar tendências para o crime. Claro que o leitor já deve estar a pensar que isso está relacionado com o ambiente familiar. Mas o mais interessante é que alguns desses estudos foram realizados com crianças que foram retiradas aos pais e entregues a famílias de acolhimento desde muito pequenas, onde cresceram com todas as condições e sem nenhum estímulo que os pudesse conduzir a comportamentos incorrectos.
Mais: também foram utilizados gémeos em estudos que levaram muitos anos para concluír. A vantagem da utilização de gémeos homozigóticos (verdadeiros, formados a partir do mesmo ovo) é que eles são o clone um do outro. Têm exactamente os mesmos genes. Ora, se um par de gémeos descendentes de pai ou mãe criminosos é separado à nascença, e se o ambiente fosse preponderante no desenvolvimento do comportamento, esperar-se-ia que o gémeo entregue a pais adoptivos não apresentasse, quando adulto, tendências anti-sociais, enquanto que aquele gémeo que permaneceu na família de origem teria mais probabilidades de as apresentar. Mas não!
Fez-se também o inverso: gémeos filhos de pais não criminosos foram separados e um deles foi entregue a pais criminosos.
O resultado foi que os indivíduos filhos de pais criminosos criados com pais não criminosos apresentavam tendências mais anti-sociais que os indivíduos filhos de pais não criminosos criados num ambiente de crime.
Isto não significa que o filho do ladrão, ladrão seja. Mas prova a força dos genes. São eles que expressam a constituição do nosso sistema nervoso, e muitas vezes basta um pequeno desiquilíbrio hormonal para evidenciar determinado comportamento. Assim, o comportamento transmite-se hereditariamente.
Há poucas coisas que nos distinguem dos outros animais, entre elas o livre arbítrio. É este que, em última análise, nos pode levar a ser quem somos, independentemente do nosso instinto. Se temos instintos anti-sociais, temos que os consciencializar, que encontrar forma de os diluir, de os substituir por outras forças que nos satisfaçam igulamente, sem atentar contra a liberdade do próximo.
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