segunda-feira, junho 26, 2006

Notícias de Última Hora

O guarda-redes Bruno Vale recebeu ordens da FPF para se deslocar a Marienfeld de bicicleta, a fim de ceder uma porção de músculo da coxa ao Cristiano Ronaldo, por transplante. Bruno Vale já tinha, antes, causado enorme transtorno ao Departamento Médico da FPF, pois teve o desplante de partir um pé em serviço, numa dessas insignificantes províncias do Norte de Portugal, pelo que foi notificado a comparecer em Évora para os vetustos Senhores Doutores do Dep. Médico da FPF lhe poderem dizer, com toda a sua ciência e conhecimento, que aquele ignorante campónio, que ao que se suspeita, joga no Estrela da Amadora, tinha mesmo um pé partido, pelo que não teria, então, nenhuma utilidade para a FPF nos próximos tempos. Bruno Vale lá voltou como e para onde tinha vindo, ou seja, para as províncias do Norte, de automóvel, debaixo de um calor de 40 graus. Há gentinha muito desprezível...

sábado, junho 17, 2006

Grandes Chulos de Portugal

O regresso das crónicas da aldrabice em terras lusas, a 10 minutos do jogo do Mundial, não se deve ao Sr. Seleccionador. Esse, já toda a gente sabe que nos anda a roubar e a cuspir no prato em que come.
Deve-se ao papel. A princípio, pensei que estava a ficar ainda mais maluco - os suportes dos rolos de papel higiénico e de papel de cozinha estão a ficar maiores! Mas depois pensei que podia ser ao contrário: os rolos de papel estão a ficar mais estreitos!
Basta cortar um centímetro a cada rolo para se poupar milhões. Se cortarmos 1cm a 15 rolos de papel higiénico, dá para fazer mais um rolo. E os industriais aperceberam-se desta mina de ouro.
Pena é que os fabricantes de suportes estejam tão atrasados e não façam suportes mais curtos. Resultado: os rolos ou andam a dançar no suporte, quando este atravessa o interior do rolo de cartão, ou simplesmente caem quando o suporte prende de um lado e de outro do rolo!
Pior ainda, uma pessoa habituada a uma determinada largura, quando tem que lidar com algo mais estreito pode falhar o alvo! Triste!

quarta-feira, junho 14, 2006

Scolari por uma vez tem razão

Depois do jogo com Angola, calhei de ir ver as Notícias ao Google e deparo-me com um comentário ao jogo escrito por um tal Chico Lang, que sinceramente me escandalizou. Primeiro porque não compreendo como os engenheiros do Google ainda não arranjaram forma de termos no site português do Google notícias 100% portuguesas, depois porque o senhor Chico Lang, face ao que escreveu só pode ser um idiota chapado. Transcrevo o seu comentário ao jogo por inteiro:

Portugal de Felipão na retranca, decepcionante!!!


São Paulo (SP) - Portugal estreou com uma vitória típica do técnico Felipão: 1 a 0 somente, gol de Pauleta, na base do sufoco. Inexplicavelmente atuando na retranca, o público de Colônia vaiou sem dó e nem piedade, maifestando uma grande frustração pelo futebol apresentado pela equipe portuguesa.

Felipão teve razão em dar uma bronca em toda a equipe no intervalo. Afinal, os portugueses foram com muita sede ao pote e dava a impressão de que arrasariam os angolanos. De cara, Cristiano Ronaldo perdeu um gol. Na seqüência, Figo desceu pela esquerda, deu uma meia-lua no tal de Jamba e tocou para Pauleta abrir o placar.

Depois, os lusos pararam. Calçaram a chamada “chuteira Luís 15”, ou seja, cravos altos, e começaram a rebolar. Angola virou um leão e partiu buscando o empate. Embora ainda pratique um futebol inocente, principalmente na marcação, mostrou garra, raça e espírito de luta. O brasileiro Zé Calanga bateu e fora da área para o goleiro Ricardo pegar. Cristiano Ronaldo ainda acertou uma bola no travessão. Um horror!

Na etapa final, Portugal atrapalhou-se de vez. Não conseguiu criar uma oportunidade de gol sequer. Enquanto isso, Angola lutou demais. Faltou maior poder de finalização e até mesmo malícia para os africanos. Perder de pouco, foi uma vitória para os valentes angolanos.

E assim caminham o defensivismo e a mediocridade...

Dois dias depois, Scolari:

Scolari crítica comentadores

O seleccionador de Portugal reagiu duramente às críticas que recebeu de supostos comentadores sobre a vitória alcançada pela Selecção Nacional frente a Angola (1-0). Scolari lembrou que os comentadores «não sabem o que é uma bola» e que «nunca vão ser treinadores».

«Não sabem o que é uma bola, não sabem quantos gomos tem, não sabem quanto pesa, não sabem nada! E ficam lá, a dizer um monte de asneiras» disparou Scolari, em declarações ao gabinete de imprensa que tem no Brasil.

O seleccionador de Portugal relembra que em outras competições da UEFA e FIFA a Selecção Nacional não começou da melhor maneira: «Há dois anos, jogámos no Euro e perdemos o primeiro jogo. Há quatro anos, jogámos o primeiro jogo do Mundial e perdemos. Há seis anos, no Euro perdemos o primeiro. Quer dizer, ganhar 1-0 é ruim, perder é bom».

Para Scolari os comentadores deveriam apenas levar em conta se Portugal vence os jogos ou se perde: «Os comentadores que acham que é preciso jogar lindamente continuam a ser comentadores. Nunca vão ser treinadores.»

Já não me lembro de ter concordado com o Scolari...

Para finalizar e a título de curiosidade o mesmo Chico Lang escreve isto em relação à vitória do Brasil sobre a Croácia:

Brasil faz lição de casa e despacha Croácia!!!

São Paulo (SP) - O Brasil fez a lição de casa e saiu ganhando na estréia da Copa da Alemanha, em Munique, derrotando a Croácia por 1 a 0. O gol foi marcado por Kaká, de fora da área, ainda no primeiro tempo. Depois, o Brasil não conseguiu chegar mais. Os croatas também não encontraram o caminho do gol.

Uma estréia apenas discreta dos pentacampeões do planeta. Ronaldo Fenômeno acabou sendo trocado por Robinho. Alteração corajosa do técnico Carlos Alberto Parreira. Um torcedor croata invadiu o campo e fez um carnaval. Baita Zé Mané!!!

A lentidão na saída de bola e os passes errados, chegaram a irritar no primeiro tempo. O gol só tinha um jeito de sair: no talento dos jogadores, na ponta da chuteira do futebol moleque.

A coisa foi ficando complicada. Os croatas jogaram do meio-campo para trás, procurando fechar os espaços de Ronaldinho Gaúcho e Kaká, principalmente. Com isso, as laterais ficavam livres para o apóio. Roberto Carlos era mais perigoso do que Cafu.

Como Ronaldo Fenômeno e Adriano embolavam no ataque, a seleção brasileira ficava com poucas opções de criação. A Croácia, por sua vez, insistia em explorar as descidas de Cafu, com o atacante Prso. Já Kovac, o cérebro do time, disputou bola com Adriano e levou a pior: fraturou a costela.

E o Brasil criou várias oportunidades. Com Kaká e Roberto Carlos (duas vezes) de fora da área. Ronaldinho Gaúcho, solto em campo, bateu firme e o goleiro fez boa defesa tocando para escanteio. No último minuto, a beleza e a arte falaram mais alto. Cafu desceu pela direita; Kaká pediu a bola e, desta vez, bateu com efeito, abrindo o placar. Gol de craque.

Na etapa final, a Croácia voltou pressionando a saída de bola. Em compensação, abriam os flancos para as descidas rápidas de Ronaldinho Gaúcho, Kaká, Adriano e Ronaldo Fenômeno. No entanto, Prso passou por Juan e bateu cruzado, para defesa atrapalhada de Dida. Klasnic aproveitou rebote e chutou forte, de novo para boa defesa do goleiro brasileiro.

Para aliviar, boa troca de passes e Ronaldo Fenômeno quase faz o segundo gol. Na seqüência, Juan ameaçou. O Brasil, aos poucos, na base do toque de bola, ia segurando o ímpeto da Croácia. Ronaldinho, de cabeça, livre na área forçou grande defesa do goleiro.

Parreira, então, resolveu ousar. Sacou Fenômeno e colocou Robinho. Na primeira jogada do ex-santista, deixou Adriano frente a frente com o goleiro e bateu para fora. Deu azar. Valeram o placar e os três pontinhos.

E tenho dito!

Sem comentários não é? Eu por acaso vi o jogo e achei o Brasil paupérrimo... Mas aí valeram os três pontos... Portugal é que não... Esses deviam ter ganho por 5-0 a jogar sem defesas... Se quiserem insultar o Chico Lang façam o favor de usar o e-mail do próprio na Gazeta:
bolasolta@gazetaesportiva.com.br.

sábado, junho 10, 2006

Feira do Livro, feira da tristeza

Desde criança que uma ida à Feira do Livro foi sempre um "must" e uma tradição de família. Nesta altura do ano, eu e o meu pai, e mais quem queira lá vai connosco em peregrinação. Lembro-me de ir à feira quando era miúdo no dia da Criança e me oferecerem um livro. Lembro-me das noites em que chovia quando a feira era na Rotunda da Boavista. Lembro-me de ir à Feira do Livro a Lisboa, no Parque Eduardo VII pelo início dos anos 90. Este ano achei a feira paupérrima: triste, sem apelo. Nos últimos anos ligava esse crescente sentimento ao facto de já ter praticamente todos os livros que queria - e os que hipoteticamente gostaria de ter das duas uma: compro as versões na língua original na Amazon por uma fracção do preço ou vou comprando durante o ano. É que eu ganhei uma espécie de horror a traduções que me inibe completamente de ler livros traduzidos. Só em raras excepções aprovo uma tradução. Eu próprio começei a fazer traduções como uma espécia de cruzada contra as traduções de fraca qualidade que fui forçado a ler quando era mais novo. Recordo uma particularmente triste que foi o ciclo do Novo Sol do meu autor favorito, Gene Wolfe. Cada livro dos quatro tinha um tradutor diferente, com as suas linhas mestras de tradução completamente distintas. O que um mantinha em inglês original o outro traduzia... Outro foram as Crónicas de Dragonlance (provavelmente o meu livro de ouro*), da Margaret Weis e da Tracy Hickman - editadas em Portugal, mas com uma tradução brasileira que não há palavras para dizer como odeio. Este ano admito que só queria comprar um livro. Um só. E era das edições técnicas da Plátano. Para minha surpresa essa editora não estava presente. Essa e tantas outras. Mesmo assim lá comprei dois livros que não tencionava inicialmente - mas pronto, foram alvos de oportunidade. Um foi do Arturo Pérez-Reverte - o Hussardo. Um romance histórico acerca dessas unidades de elite do exército de Napoleão aquando da invasão da Península (quem me conhece sabe que adoro o período). Outro foi um livro numerado, edição limitada, acerca da Batalha de Aljubarrota. Originalmente, nos anos 80 custava 60 EUR. Trouxe-o por 15. E pronto, lá viemos para casa, cada um com um saco na mão. Foi triste aquela feira. Antigamente comprávamos dezenas de livros, eram sacas e sacas. Este ano bateu no fundo.


*- O livro de ouro é um conceito do Gene Wolfe que se refere basicamente aquele livro que lê-mos em crianças ou jovens que contribuiu mais para a nossa formação pessoal. É o livro que temos sempre presente.

terça-feira, junho 06, 2006

Futebolices I

Estou a ficar cada vez mais irado pela atitude de determinados orgãos directivos do futebol português e de alguns dos seus subordinados. Apetecia-me, qual Samuel L. Jackson, pegar numa magnum e virar-me a eles:
"The path of the righteous man is beset on all sides by the inequities of the selfish and the tyranny of evil men. Blessed is he who, in the name of charity and good will, shepherds the weak through the valley of darkness, for he is truly his brother's keeper and the finder of lost children. And I will strike down upon thee with great vengeance and furious anger those who attempt to poison and destroy my brothers. And you will know my name is the Lord when I lay my vengeance upon thee!"
E é mais ou menos isso que vou fazer, munido deste meio satânico que é a internet, a começar neste belo dia da besta.
Vamos lá ver que tipo de escumalha é essa a do associativismo futebolístico profissional: hoje ficou a saber-se que muito provavelmente o Gil Vicente pode descer de divisão pela simples razão de ter recorrido a um tribunal para aprovar a mudança de contrato de um jogador comprado na época de transferências de Dezembro/Janeiro. Ora os estatutos da Federação Portuguesa de Futebol e da Liga de Clubes não permitem que se recorra a tribunais comuns, sob pena de haver retaliações internas, como é o caso.
Quando uma instituição decida à margem do Poder Judicial e não permite que os seus membros recorram à Justiça, isso perfigura uma inconstitucionalidade, pois essa instituição está não só a substituír um Poder de Estado, como também a sobrepor-se a ele.
O Gil Vicente recorreu ao único meio de decisão justa e equitativa reconhecida como tal. Os órgãos directivos da FPF e da LC, pelo contrário, não reconhecem as decisões dos Tribunais.
Algo vai muito mal no mundo do futebol.
Se há tribunais internos no seio dessas instituições, eles são ilegais. Se os há, serão também responsáveis pelas condenações ad hoc que foram feitas no âmbito do apito dourado e outros que tais. Se os há, são obrigatoriamente facciosos. Se os há, são preferencialmente sulistas.
Cenas dos próximos capítulos: Scolari e a Selecção do Sul de Portugal e Comunidades Emigrantes.