quinta-feira, novembro 06, 2008

Voltei à escola

Após um interregno de quase cinco anos, voltei a trabalhar numa escola pública. O que encontrei é radicalmente diferente do que deixei. De facto, este governo e esta ministra estão a destruir o sistema educativo português e a transformar a educação num conjunto de estatísticas para Bruxelas acenar e sorrir.
A malfadada avaliação de professores é ridícula e abriu o fosso entre a classe, instalando uma névoa espessa que tolda o entendimento de cada um e que os transforma ("os", porque aquele não é o meu mundo) em infelizes burocratas que anseiam a reforma para fugir para bem longe daquele pesadelo.
Não vejo muitas soluções a não ser a "luta armada" contra este autoritarismo desmedido, que ameaça corromper um dos mais importantes pilares da Democracia e garante da Liberdade que é a Educação.
Ou se luta, ou se abraça carinhosamente a esquálida ministra e se dá boas notas aos meninos, para entrar no jogo sórdido de interesses e números que o Governo pretende que seja o sistema educativo, evitando assim longas tormentas e ludibriando a avaliação dos professores às custas de o fazer com a dos alunos.

4 comentários:

Anónimo disse...

Olá!
Na tua escola também há armas de plástico para os meninos brincarem?
Deve ser material didactico novo. Como já são mais "crescidos" e não vão ter o Magalhães, recebem armas de plástico... Deve ser um brinquedo parecido hehe
Bom ano para o Chapéu!
Beijinhos, Vera F.

horned_dog disse...

Ai, a (des)educação... Que tema mais complicado! Por estas bandas também há descontentamento, se bem que por outras razões. A começar no 5.º ano, os putos da Alemanha têm 3 hipóteses antes da Universidade ou Ensino Profissional: a Hauptschule, a Realschule e o Gymnasium. Cada um com o seu grau de dificuldade, citados do mais simples para o mais complicado (e pela mesma ordem de longevidade)... Perto no fim do ciclo de cada um destes ramos, o aluno tem a possibilidade de se transferir para o ramo de complexidade imediatamente acima (por exemplo da Hauptschulepara a Realschule) com base na boa performance académica e com a realização de um exame. Na teoria, parece uma boa medida para proporcionar soluções de ensino consoante as necessidades de cada um (sendo que a fria realidade é que nem todos têm a mesma capacidade/condições sociais de aprendizagem/ambição) mas tem vários problemas intrínsecos... Por exemplo, a escolha de qual o ramo de ensino que a criança seguirá, a partir do 5.º ano, é feita com base na avaliação feita pelo corpo docente e poderá não reflectir as preferências dos pais (ou da criança) e pode condicionar/limitar o percurso escolar. Apenas o Gymnasium, mais orientado para o estudo das disciplinas na sua componente máxima teórica, permite a continuidade dos estudos que leva à Universidade e as outras duas vertentes, mais direccionadas para as componentes práticas, levam ao possível ingresso na Berufschule, que é uma instituição de ensino orientada para a formação profissional nos mais variados campos. Outro problema é que diminui a heterogeneidade da classe estudantil em cada um dos anos. Se por um lado isto tem vantagens a nível dos alunos com ambições académicas mais elevadas, também leva a uma concentração de alunos com problemas a nível escolar (independentemente das origens destes problemas) na Hauptschule e Realschule, dificultando assim a tarefa das instituições e dos alunos em si, não permitindo que exista um ambiente como o que existia nos meus tempos de 2.º e 3.º ciclo, no qual alguns alunos com problemas de comportamento e dificuldades de aprendizagem beneficiavam da presença dos outros alunos e sofriam uma influência positiva no seu comportamento escolar. É de facto muito complicado, atender a todos estes problemas sem enveredar por segregação ou discriminação, por mais que seja com boas intenções... A isto tudo, soma-se ainda o problema de que cada Província tem um certo grau de independência na orientação das instituições de ensino, causando assim divergências dentro do país, a nível de contéudo do ensino e mesmo de duração (por exemplo em Leipzig, e em outras cidades do Leste, o Gymnasium vai até ao 13.º ano, ao contrário do que acontece no Oeste da Alemanha, onde vai apenas até ao 12.ª ano, como em Portugal).

horned_dog disse...

Já agora, muito boa sorte para ti companheiro, nessa jornada pelo inferno! ;)

Rui Valdiviesso disse...

A educação é um negócio muito complexo mesmo. A escola para todos só funciona se a sociedade fosse mais equilibrada, mais justa. Acredito até que num país como a Alemanha, haveria mais benefícios na existência de um sistema único do que nessa multiplicidade toda, ao contrário do que se passa aqui no rectângulo, onde a mesma escola não consegue dar respostas a tão diversos interesses e desinteresses.

De qualquer forma, obrigado por tudo, e já falta pouco para chegar ao outro lado. A senhora que foi parir e me cedeu a vaga, em Abril já volta e eu, em princípio, jubilo-me do ensino de uma vez por todas!

Abraço!!!