quinta-feira, janeiro 27, 2005

«Se isto é um Homem»

O título não é meu, mas sim de um romance de Primo Levi, referindo-se aos sobrevivente de Auschwitz, nos quais o autor também se insere.
Há precisamente 60 anos, o Exército Vermelho libertou aquele campo nazi onde foram exterminados mais de um milhão de seres humanos, entre judeus, polacos, ciganos, homossexuais... Em comum, todos foram vítimas da incapacidade nazi de os considerar membros da mesma espécie.
O “não-humano” foi e, infelizmente, continua a ser causa de barbárie e genocídio, quando uma ideologia ou etnia reivindicam uma absurda superioridade genética. Isto foi assustador e quase inacreditável numa Europa do séc. XX que se cria evoluída e humanizada. Mas é paralelo aos casos do Ruanda, Cambodja, Somália e a todos os outros locais onde o género humano é forçado a viver na artificialidade de uma sociedade e de um território impostos e mecanizados.
Auschwitz e a “solução final” nazi devem ser lembrados, a par com os genocídios maoistas, estalinistas, do apartheid sul-africano, das etnias tribais e de todo e qualquer acontecimento que negue a alguém a sua dignidade humana. Preocupa-me, assim, a ameaça crescente do neo-nazismo na Europa, muitas vezes disfarçada de “hooliganismo futebolístico”.
Mas antes, temos que nos lembrar de quem somos e de onde viemos.
Compreender a nossa essência humana é crucial para desmontar a ciclicidade da História

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