sábado, setembro 16, 2006

Red Necks

Somos um país de red necks e é desta expressão que me lembro cada vez que ouço as célebres "haviam de ser atados a uma árvore e pegarem-lhes fogo" ou "é tudo uma cambada de drogados que praí andam" ou "no tempo do Oliveira Salazar não havia nada disto" ou "era cortarem-lhes as mãos como fazem os árabes"...etc...etc...
Cada vez que me lembro das freiras, sempre muito apolíticas, a irem votar aos magotes quando foi do referendo do aborto, e dos escuteiros, fardados naquele dia, a alombarem com cadeiras de rodas e gente em macas só para irem cruzar o Não... red necks!
Somos red necks quando somos megalómanos e estúpidos ao ponto de pensarmos em Ota, Euro 2004, TGV e tantas outras sandices, quando desinvestimos naquilo que poderia, em primeiro lugar, garantir o futuro e desenvolvimento do nosso país: a educação! Quando somos o país da UE que menos investe per capita na educação, com o maior abandono escolar, com a maior taxa de insucesso. Somos red necks quando pomos toda a responsabilidade nos Professores em vez de pensarmos nos Governos e nas suas avalanches de políticas educativas sem pés nem cabeça.
Red necks enquanto passamos gradualmente a responsabilidade da saúde e da segurança social para os privados, dando-lhes carte blanche para lucrarem com a protecção das pessoas, para lhes explorarem a doença, o medo e a angústia existencial a troco de lucros altíssimos!
Então quando falamos de ambiente, o nosso pescoço não podia estar mais vermelho e suado! Em vez de aproveitar o nosso potencial de país europeu com maior exposição solar, em vez de aproveitar a força do vento e da maré... continuamos a construír nefastas albufeiras que ameaçam submergir ecossistemas dos melhor conservados da europa. Continuamos a queimar, a co-incinerar, a gás-efeito-estufar... e, ò cúmulo do redneckismo, a almejar pela energia nuclear!
Falta-nos o quê? Andarmos em pick-ups, todos armados (as crianças só até calibre 22, nada de abusos), e fazermos barbecues aos domingos enquanto falamos dos nigros que estão no corredor da morte e das saudades que temos da cadeira, porque fritá-los é sempre mais doloroso que a treta da injecção.
Red Necks, damn y'all!
P.S. se o estimado leitor se lembrar de mais exemplos que nos comparem aos conservadores que habitam no Sul dos Estados Unidos da América, por favor remeta-os para o local habitual: comente! Obrigado.

segunda-feira, setembro 11, 2006

Onze de Setembro

Foi há 33 anos o onze de Setembro que realmente me diz algo. Aquele 11/09 no qual muitos foram brutalmente assassinados e muitos, muitos mais, na sequência do podre poder que se instalou, vieram a desaparecer numa vala comum ou numa caverna num qualquer canto do deserto de Atacama. Foi o golpe de estado da CIA e de Pinochet contra o Governo do Chile, na pessoa de Salvador Allende, o primeiro Chefe de Estado socialista eleito democraticamente e que estava a operar uma revolução social, cultural e económica de uma forma pacífica e gradual. Uma revolução com "empadas e vinho tinto", à boa maneira chilena, como dizia Allende. O problema é que, por via dessa revolução, que entre muitas outras acções preconizava a nacionalização das abastadas minas chilenas de cobre, de forma a garantir a todos os chilenos que a riqueza do seu território seria usada em seu proveito, o Chile arriscava-se a deixar de pertencer ao "backyard" dos americanos. E estes não gostaram nada da ideia e, da forma que lhes é conhecida, engendraram uma conspiração e um sangrento golpe de estado.
Para mim, este caso Chileno é o paradigma da injustiça. Gente pacífica e democrática, tentando dar uma melhor qualidade de vida ao seu povo, lutando para acabar com a miséria que sempre se instala quando um país é dominado economicamente para proveito de outro, vê-se de repente a ser perseguida, assassinada, torturada. Tudo patrocinado pelo governo americano.
O 11/09 mais recente, sangrento, injusto e brutal como se afigura, continua relacionado com os EUA, com conspirações e com ditadores mentecaptos. A diferença é que agora os EUA estão a alargar o seu "backyard" para zonas mais proveitosas (o petróleo já vale muito mais que o cobre), e há que fazer uma hipotecazita da sua propriedade para ganhar "crédito" para investir lá fora. Convenhamos que os americanos não ligam muito a "danos colaterais" quando isso lhes convém economicamente.

9.11

Impossível esquecer...

Indispensável recordar...

quinta-feira, setembro 07, 2006

Um par de cornos!

Neste preciso momento, a nossa querida estação de Televisão Pública, a RTP, transmite um "espectáculo" de tauromaquia. Reparem que uso o termo "espectáculo" de uma forma muuuuuuuito irónica...

E ocorreu-me:
Será que as piedosas alminhas beatas deste País se manifestam contra esta manifestação de violência na TV?

Onde anda a Srª. Maria Barroso?

Porque não devemos nós ver um polícia, numa filme, obra de ficção cinematográfica, a dar um tiro merecido nos cornos de um bandido, mas não existe problema em ver um animal a ser torturado, numa qualquer arena da vida real?

segunda-feira, setembro 04, 2006

Custos de manutenção

Os mídia (ou media, nunca sei bem!) alertaram para o elevado preço dos preservativos nas farmácias. Indicavam as reportagens que as farmácias optavam apenas por ter nos seus armazéns as marcas de maior valor comercial, elevando assim o custo de se recorrer a estes estabelecimentos quando se deseja manifestar afecto de forma mais ardente, sem gerar uma prole insuportável (financeiramente).

Foram também indicados valores para se comprovar o impacto desta atitude das farmácias, relativamente à diferença de preços por unidade, quando comparados com os preços encontrados, por exemplo nos hipermercados. Nas farmácias cada preservativo, em média fica por 78 cêntimos, enquanto que nas grandes superfícies comerciais, ficará por 55 cêntimos. Isto significa uma diferença de 41%!

Dir-me-ão os leitores: “Ah, mas isso é muito pouco! Uma boa relação vale isso e muito mais!”

Aceito perfeitamente! Mas temos de ter em conta outros factores. E a minha explicação vai ficar-se só pelos meios tradicionais (vocês sabem ao que eu me refiro).

Programinha simples:
Passeio romântico – parque de estacionamento/parquímetro – 2,50€
Gelados à beira-mar –7€
Jantarzinho para duas pessoas num estabelecimento de qualidade – 35€
Sessão de cinema, devidamente acompanhada por refrigerante e pipoca – 18€
Raminho de flores/caixa de bombons – 20€

Já nem falo nos problemas de relacionamentos à distância (+ deslocações)!

Ao menos que nos facilitem o acesso aos contraceptivos!

P.S.1: Sinto-me na obrigação de defender um pouco a minha posição. Não me considero forreta e acho que ninguém terá razões de queixa por este motivo. Apenas tenho um emprego precário, mal pago e de forma muuuuuito tardia.

P.S.2: Procuro menina simpática, com sentido de humor e paciência, de preferência bonita e jeitosinha, na disposição de sustentar um vadio.