Somos um país de red necks e é desta expressão que me lembro cada vez que ouço as célebres "haviam de ser atados a uma árvore e pegarem-lhes fogo" ou "é tudo uma cambada de drogados que praí andam" ou "no tempo do Oliveira Salazar não havia nada disto" ou "era cortarem-lhes as mãos como fazem os árabes"...etc...etc...
Cada vez que me lembro das freiras, sempre muito apolíticas, a irem votar aos magotes quando foi do referendo do aborto, e dos escuteiros, fardados naquele dia, a alombarem com cadeiras de rodas e gente em macas só para irem cruzar o Não... red necks!
Somos red necks quando somos megalómanos e estúpidos ao ponto de pensarmos em Ota, Euro 2004, TGV e tantas outras sandices, quando desinvestimos naquilo que poderia, em primeiro lugar, garantir o futuro e desenvolvimento do nosso país: a educação! Quando somos o país da UE que menos investe per capita na educação, com o maior abandono escolar, com a maior taxa de insucesso. Somos red necks quando pomos toda a responsabilidade nos Professores em vez de pensarmos nos Governos e nas suas avalanches de políticas educativas sem pés nem cabeça.
Red necks enquanto passamos gradualmente a responsabilidade da saúde e da segurança social para os privados, dando-lhes carte blanche para lucrarem com a protecção das pessoas, para lhes explorarem a doença, o medo e a angústia existencial a troco de lucros altíssimos!
Então quando falamos de ambiente, o nosso pescoço não podia estar mais vermelho e suado! Em vez de aproveitar o nosso potencial de país europeu com maior exposição solar, em vez de aproveitar a força do vento e da maré... continuamos a construír nefastas albufeiras que ameaçam submergir ecossistemas dos melhor conservados da europa. Continuamos a queimar, a co-incinerar, a gás-efeito-estufar... e, ò cúmulo do redneckismo, a almejar pela energia nuclear!
Falta-nos o quê? Andarmos em pick-ups, todos armados (as crianças só até calibre 22, nada de abusos), e fazermos barbecues aos domingos enquanto falamos dos nigros que estão no corredor da morte e das saudades que temos da cadeira, porque fritá-los é sempre mais doloroso que a treta da injecção.
Red Necks, damn y'all!
P.S. se o estimado leitor se lembrar de mais exemplos que nos comparem aos conservadores que habitam no Sul dos Estados Unidos da América, por favor remeta-os para o local habitual: comente! Obrigado.