Sopa fina

Voltou a ser fino comer sopa meus amigos! Basta estarem pela hora do almoço num dos nossos bem amados "shoppings" para ver uma quantidade impressionante de pessoas na fila para uma tigela de sopa. De facto o negócio das sopas está tão bom que proliferam as lojas a oferecerem uma infinidade de sopas diferentes. Ora a sopa é desde sempre uma grande amiga dos Portugueses. Os mais velhos dir-vos-ão com agrado que no tempo do Salazar não passavam fome porque uma "sopinha nunca faltava lá em casa", e tenho a certeza que antes de dar de comer sopa de urso a D. Juan na batalha de Aljubarrota, o Condestável deve ter comido uma forte sopa de feijão. Ora pelas sopas se vê também o carácter do Portugueses - vejamos: No norte as sopas são fortes e encorpadas, com presunto para dar sabor - e no sul são tristes e aguadas. Mas a sopa tornou-se uma moda porquê exactamente? Ora tenho uma teoria que me parece singular, siga-me o leitor se assim o desejar. Depois do 25 de Abril, a sopa foi relegada para o 2º plano da culinária, pois era coisa de pobre. E a coisa assim se manteve até ao governo do Engº Guterres, quando de melhor ou pior forma o país lá foi passando os anos. Com o retorno dos governos de direita e com retorno dos velhos valores como as vitórias do Benfica, touradas e fados, a nossa sopa voltou a ser encarada como afirmaçãoprimária da social democracia de uma faixa da sociedade. Tal como usar cabelos com melenas compridas sobre os olhos ou camisolas Sacoor. Assim é ver as meninas da moda e muitos homens (pelos quais nutro pouco respeito) à hora do almoço a comer alegremente um penico de sopa acompanhada de um suminho natural e de uma tarte de verduras ou de um rissol.

Gostaria que se seguissem outros bons hábitos que estão a perder seguidores! Assim acho que a sardinha miúda frita, as sandes de bacalhau, o copo de maduro tinto, o pratinho de moelas, o café "com cheirinho" e muitíssimos outros ex-libris das nossas casas de pasto estão a perder adeptos. Urge voltar a cuspir para o chão, falar mal, mijar em esquinas, contratar com putas, etc, etc. É fino meus amigos!