terça-feira, dezembro 13, 2005

Diário de um Exterminador Implacável

«12-13-2005 (N.T.: data em americano),
Como Eu tinha dito, na Minha última sequela: "I'll be back!" Ah... sempre gostei de ouvir a Minha pronúncia austríaca na televisão. Como Eu Sou justo e implacvável! Um deus de metal! Um verdadeiro Conan! Um bárbaro de charuto cubano e fato de bom corte...
Uns idiotas que devem ser comunistas ou coisa parecida, de uma espelunca qualquer tipo Greenpeace da Humanidade... ah... ja me lembro, Amnistia Internacional, é assim que se chama, têm andado a irritar-Me com cartas e petições. Apetecia-Me esmaga-los como insectos, com os Meus punhos todo-poderosos. Queriam que perdoasse um preto qualquer que a impecável justiça do Meu estado condenou à muito adequada pena de morte.
Eu nem sequer sabia que tinha esse poder, de decidir: tu morres! tu não!
Agora, sinto-Me muito melhor! Nem sequer tive que mexer uma palha para matar esse escarumba. Como Sou poderoso!
Lei é lei. Matas, tens que morrer. Assim, às 12:30 AM (N.T.: hora em americano), la fritámos o macaco.
Disseram eles que o "neegro" (N.T.: preto em americano) até foi nomeado 5 vezes para o Prémio Nobel da Paz e 4 vezes para o Prémio Nobel da Literatura! Grande coisa... eu desprezo esses europeus e os seus prémiozinhos insignificantes! Se eu Fui europeu e mudei! Prémios verdadeiros, só os Oscars (N.T. Óscares em americano). Querem lá comparar! Idiotas!
A América é feita de gente forte, que tem o supremo direito de andar com uma Magnum 44 no cinto das calças. Que tem o dever de ter um carro como toda a gente. E de comer um belo "hot dog" (N.T.: cachorro quente em americano) à frente da televisão, de preferência a ver um dos meus aprazíveis filmes em que trocido alguém ou afago uma inocente criancinha. Não precisamos de Nobel Prizes (N.T. nóbéis em saramaguês). Nem queremos mais pretos assassinos. Nem sequer mais pretos a sujar o banco dos júris dos nossos impolutos tribunais.
Se a imaculada justiça americana tirou os pretos do júri no julgamento desse assassino, foi para evitar a solidariedade entre os macacos. "So help me God!" (N.T.: "não cometerei prejúrio" em americano).
"I'll be back!"»

4 comentários:

Anónimo disse...

Tipica historia americana! um assassino mata e depois diz que está arrependido! até escreve um livro a falar da vida! coitados(as)!!! das pessoas que morreram nas mãos deles. Esses sim merecem a nossa pena.
Os americanos é dos povos mais estupidos que por ai andam, não são exemplo para ninguem mas se alguem anda a matar tudo e todos não é a escrever uns livros que as coisas se resolvem.
O que é que se podia fazer? gastar dinheiro do estado com ele? trabalhos forçados?
Pena é das pessoas que ele matou, isso sim e não foi só uma nem duas.
Agora dizer que morreu por ser preto! isso não! Já deram noticias de brancos a morrerem e o juri era de brancos e de pretos de certeza.
Aqui não existem pretos mas sim assassinos que matavam por prazer.
Se fossem brancos a matar pretos também dizia aqui mereciam a pena de morte.
Vamos separar racismo de assassinio, ok?

Rui Valdiviesso disse...

A pena de morte é o assunto. Quando um povo elege um governo estatal ou federal nos EUA que apoia a pena de morte ou o porte livre de armas, fa-lo exactamente porque esses políticos o apoiam.
Os americanos não são estúpidos por natureza, tal como nós, eropeus, também não somos, embora os americanos pensem o contrário.
Os americanos são vítimas da ignorância.
O racismo, meu caro amigo, ainda vive muito forte nos EUA, especialmente nos estados do sul. Ainda há apenas uns 40 anos havia total e completa segregação racial nos EUA.
O racismo, hoje em dia, nos EUA, ainda decide a vida de muita gente.

Mais ainda é o problema das armas. Desarmar o povo americano seria muito mais complexo, muito mais difícil, que desarmar todos os grupos terroristas da face da Terra.

O facto de haver enormes quantidades de armas nas ruas, disponíveis por um pequeno punhado de dólares, também decide a vida de muita gente.

Não se pode justificar a violência. Não se pode perdoar completamente a quem matou.

Matou por prazer? Isso é doença.

Será que, como diz o meu amigo, Stanley Williams, que foi hoje executado, matou por prazer?

Não gostaria de ter como amigo alguém que não repudia completamente a pena de morte, ou não entrevê o absurdo que ela é.

Concerteza que o irei convencer disso.

Alguma dúvida, refira-se a:
http://www.amnistia-internacional.pt/

Anónimo disse...

Em Portugal costuma-se dizer " Se o arrependimento matásse "
Nos EUA o arrependimento afinal mata...

Por um Mundo melhor.

F.S. disse...

Curioso que me lembrei também de fazer um artigo acerca do tema,confesso que mais humilde do que este, excelente, que o meu amigo Slinkman escreveu.

De qq forma subscrevo por inteiro a sua ideia. Acho que se a Divina Providência não barra o caminho da redenção a ninguém, não é de certeza a justiça dos homens que deve fazê-lo. Para mim a questão de comutar a pena para perpetua nem sequer existe porque a pena de morte parece-me digna de bárbaros com apenas 200 anos de história.

Quanto aos Estados Unidos, povo que respeito tanto quanto desprezo eis aqui a interpretação da sua história que mais gostei até hoje. É o "A brief history of America" incluído no "Bowling for Columbine" do Michael Moore. Se tiverem 3 minutos vejam-no em:

http://www.albinoblacksheep.com/video/america.html