terça-feira, junho 06, 2006

Futebolices I

Estou a ficar cada vez mais irado pela atitude de determinados orgãos directivos do futebol português e de alguns dos seus subordinados. Apetecia-me, qual Samuel L. Jackson, pegar numa magnum e virar-me a eles:
"The path of the righteous man is beset on all sides by the inequities of the selfish and the tyranny of evil men. Blessed is he who, in the name of charity and good will, shepherds the weak through the valley of darkness, for he is truly his brother's keeper and the finder of lost children. And I will strike down upon thee with great vengeance and furious anger those who attempt to poison and destroy my brothers. And you will know my name is the Lord when I lay my vengeance upon thee!"
E é mais ou menos isso que vou fazer, munido deste meio satânico que é a internet, a começar neste belo dia da besta.
Vamos lá ver que tipo de escumalha é essa a do associativismo futebolístico profissional: hoje ficou a saber-se que muito provavelmente o Gil Vicente pode descer de divisão pela simples razão de ter recorrido a um tribunal para aprovar a mudança de contrato de um jogador comprado na época de transferências de Dezembro/Janeiro. Ora os estatutos da Federação Portuguesa de Futebol e da Liga de Clubes não permitem que se recorra a tribunais comuns, sob pena de haver retaliações internas, como é o caso.
Quando uma instituição decida à margem do Poder Judicial e não permite que os seus membros recorram à Justiça, isso perfigura uma inconstitucionalidade, pois essa instituição está não só a substituír um Poder de Estado, como também a sobrepor-se a ele.
O Gil Vicente recorreu ao único meio de decisão justa e equitativa reconhecida como tal. Os órgãos directivos da FPF e da LC, pelo contrário, não reconhecem as decisões dos Tribunais.
Algo vai muito mal no mundo do futebol.
Se há tribunais internos no seio dessas instituições, eles são ilegais. Se os há, serão também responsáveis pelas condenações ad hoc que foram feitas no âmbito do apito dourado e outros que tais. Se os há, são obrigatoriamente facciosos. Se os há, são preferencialmente sulistas.
Cenas dos próximos capítulos: Scolari e a Selecção do Sul de Portugal e Comunidades Emigrantes.

3 comentários:

Anónimo disse...

o gil já sabias das regras antes de fazer o que fez! mas mesmo assim fez! agora vai pagar e sobe o belenenses!
Quanto a mim é feita justiça, porque não gosto daquele clube que têm sempre um futebol nojento. Se descessem mais uns clubes tipo o gil era um favor que faziam a Portugal

Rui Valdiviesso disse...

Caro Fernando:
A mim não me agrada mais que a si a forma defensiva com que o Gil Vicente jogou durante a maior parte dos jogos do Campeonato. E simpatizo mais com os "azuis" de Lisboa também. A questão não tem nada a ver com a qualidade de futebol praticado pelas equipas dos clubes, mas sim pela forma como os órgãos que dirigem as competições actuam relativamente à organização socio-política do nosso País, achando-se superiores às demais associações e cidadãos.
Que me diria o Fernando se meia dúzia de pessoas sem poder instituído por ninguém, o julgassem sumariamente por algo que fez? E se pudesse recorrer a um órgão de Estado, esse sim democraticamente orientado para a resolução dos problemas das associações e dos cidadãos?
Quando um Tribunal decide que certas regras não têm valor vinculativo, então essas regras devem deixar de existir.
A LC e a FPF têm advogados nos seus quadros. Gente que sabe dar a volta à Justiça para favorecimento próprio. Chega a altura de esses indivíduos trabalharem em democracia, cumprindo as questões fundamentais dos direitos e deveres da cidadania.

F.S. disse...

Concordo a 100% contigo Slink.