O centro do Porto está a morrer. Assim a realidade teima em ir mais uma vez contra sucessivas vontades políticas (se serão boas ou más deixo para posterior reflexão). A partir de uma certa hora da noite a cidade torna-se practicamente morta. Como centro considero a àrea que vai de Sta. Catarina a Cedofeita, delimitada pela Praça da República e pela Estação de S. Bento. Na zona de Sta. Catarina vale a Fnac aberta até à meia-noite. O shopping Via Catarina fecha portas às 23, e não sei como funciona de estacionamento. A única altura do ano em que essa zona tem acção permanente durante uma semana é durante o Fantasporto - aliás, já o seu mentor, Mário Dorminsky se referiu a este problema em palavras muito similares a estas. Ele afirma mesmo que sente a única pessoa a morar no centro do Porto - é capaz de ser verdade. A zona de Carlos Alberto até aos Clérigos vai tendo alguma vida durante a semana... Lembro-me da frase que nessa zona li numa parede à uns anos: "Monstros com Cérebros Humanos". Parece referir-se directamente aos homens do leme que podem tomar decisões para inverter esta situação e não o fazem (naquela altura ainda não se tinham descoberto os escantilhões e as latas de spray...). Mas também a verdade é que a culpa não é toda dos políticos - é da sociedade em si. Porque afinal não vão morar as pessoas para o centro da cidade? Parece-me que não é atractivo morar no centro por uma variedade de razões, entre as quais estão: preço, relação preço/qualidade. Os presidentes da câmara do Porto podem dar as voltas que quiserem que enquanto um T0 recuperado custar no centro do Porto 20.000 contos não há nada a fazer. É evidente que as zonas do centro também não são trendy como umas Antas ou uma Foz. Nas traseiras da Rua de Sta. Catarina criam-se galinhas e cabritos. É verdade. Ora um pessoa "normal", não vai normalmente escolher uma casa recuperada, por melhor que esteja, quando vai ter tectos de 4 metros de altura e quartos de 2 por 2... E principalmente quando por vizinhos vão ter a Dona Miquinhas, com 70 anos e 2 tromboses de um lado, e a galeria de arte moderna, com café, bar e sala de exposições dos recém-licenciados em Belas-Artes do outro... Também é verdade, e temos de que admiti-lo por mais que nos doa, que Porto e seus habitantes não são propriamente cosmopolitas. Vá o leitor a uma Terça ou Quarta à noite a um restaurante em Lisboa e verá pessoas a jantar e a conversar, enquanto que no Porto só se faz isso ao fim-de-semana, quando se faz...
Outra coisa: alguém me explica o que é aquele símbolo, um mais e um menos colado nas parede da Baixa?
1 comentário:
Agora que falas nisso, nunca reparei no símbolo que referes... Mas vou investigar o assunto! Quanto à Baixa do Porto é de facto um problema complexo, que resulta até num sentimento de insegurança para quem se desloca a pé ao centro da cidade nas noites de semana, tal é o seu abandono...
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