As eleições presidenciais estão à porta. Muitos dirão: "Mas o que interessa? O gajo não tem poder nenhum!"
Bem... a realidade é essa, com algumas excepções, previstas na Constituição da República Portuguesa. Como, por exemplo, a autoridade de declarar guerra, com o aval do Governo e o apoio da Assembleia da República.
Ora isto torna-se deveras interessante.
Pensemos assim: quem gostariamos de ter na cadeira de Belém, com o poder de declarar guerra a outro país?
Melhor ainda: quem NÃO gostariamos que nos representasse?
Para mim, é pena não haver candidatos como Vieira, que, de certeza, iria declarar guera ao Burkina-faso ou ao Reino do Butão. E ainda, dar a independência às Berlengas, para depois as destruír com um torpedo disparado do bom e velho Barracuda. Eram as minhas secretas esperanças.
Ou então, o Sousa Tavares, a declarar guerra ao Benfica. E a nomear como Ministro da Defesa e do Laser, o Cristiano Ronaldo.
Mas, agora brincando um pouco, o que eu realmente espero de um Presidente é que seja como o actual. Que não faça asneira. O que já é pedir muito!
Jorge Sampaio tem um bom perfil presidencial. É educado, simpático, sabe intervir quando é preciso. Fala, fala, fala e lá vai dizendo alguma coisa, no seu jeito diplomático. É um gajo culto e sabedor, que tem respeitado a Constituição e feito uso dela como há muito não se via. Usou um dos poderes mais fortes: virou os terrenos e atacou com a criatura da Dissolução do Parlamento. Mandou o Governo do PPD/PP para o cemitério. Apesar das críticas da direita, não foi por isso que perdeu consistência ou verticalidade.
Se olharmos bem por detrás dos ombros do Sampaio, só vamos encontrar alguém com semelhante ou maior dignidade no General Ramalho Eanes. Homem simples, educado, cordial e, por estranho que pareça, culto. Honesto nos 10 anos que serviu o País. Eleito a primeira vez pela direita, a segunda pela esquerda, conseguiu várias vezes unir Portugal no caminho do desenvolvimento, afastando-o da desordem e do caos. Foi um dos mais lúcidos intervenientes do 25 de Novembro, apartidarizando-se dos confrontos e promovendo quer o diálogo, quer a força necessária para estabilizar aqueles infames processos contra-revolucionários. Soube-se sempre distanciar o suficiente para ter uma moral interventiva acima de quaisquer suspeitas. Deve-se também a ele a poupança de muito sangue que poderia ter corrido com a ameaça de uma guerra civil.
Durante a sua presidência, o Governo chefiado por Mário Soares lembrou-se de rever a Constituição, retirando ou diluindo os, naquela altura, fortes poderes do Presidente. O Marocas não curtia o Eanes, como nunca curtiu muito qualquer general que não fosse da UNITA.
Depois de Eanes, vieram 10 anos de Soares, o Presidente que veio a sofrer do próprio veneno. Soube-se orientar, até porque conhecia sobejamente os poderes presidenciais que ele próprio tinha reservado, à força de ter subtraído os outros. E como se orientou!
No próximo post, voltarei com os Senhores Presidenciáveis. Um a um. Para ajudar o confuso ou o lúcido leitor a escolher aquele que melhor sirva os seus interesses, e que possa mais facilmente declarar guerra ao país que constiui o seu ódio de estimação. Eu, por mim, não gosto muito da Suazilândia.
1 comentário:
Ora, muito bem focado o problema dos possíveis futuros Presidentes (ou dos "Presidenciáveis") e dos antigos, ou lá o que queiram lhes chamar... Ainda ontem, pelo que me contaram, Mário "Bochechas" Soares interrogava num debate televisivo, Mário "O Poeta" Alegre, qual mestre-escola, acerca dos poderes presidenciais. Poderes que bem conhece e que deseja utilizar de novo, creio que por mero hábito e sede de protagonismo, porque não reconheço nele nada de novo para dar ao País. Guardo-me também para outra ocasião em que me encontre mais inspirado para falar sobre este assunto.
Deixo só aqui a sugestão de bombardear o Turquemenistão, porque tem um nome feio e porque não lhe conheço nenhuma qualidade!
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