segunda-feira, maio 09, 2005

Doces Amêndoas

Ora nem de propósito. Comentava eu um post dizendo que as mulheres arábes eram extremamente sensuais (vide "cinta descida") quando hoje li que lançaram em Portugal o primeiro (?) romance erótico escrito por uma muçulmana: Amêndoa. A autora de 45 anos de idade é de um país árabe do Magreb (não revelado por razões de segurança) e escreve sob o pseudónimo "Nedjma". O livro é semi autobiográfico semi colagem de depoimentos reais de mulheres.


Tornozelo à mostra causa espanto num desfile de moda.

Deixo-vos com as palavras dela (retiradas de um artigo da Marie Claire brasileira, versão online):

"Não sou casada. Já passei da idade de colocar aliança no dedo. Antes eu pensava que deveria me arrumar, mas reconsiderei. A instituição do casamento é injusta com as mulheres do meu país. Prefiro viver em união livre. Encontrei meu equilíbrio em uma relação de amor, de respeito e de parceria com um homem que, como eu, é monogâmico. Mas não pude ter filhos. Eles não seriam reconhecidos por lei. Escrevi um livro erótico porque não havia romances do gênero escritos por muçulmanas. O erotismo é a mais forte arma contra os conservadores. Descrevo as revoltas do corpo, mas também o gozo. Uso pseudônimo para me proteger, mas levo uma vida normal. Nunca vivi experiências homossexuais ou grupais como as descritas no livro. Minha vida sexual é de um conformismo aflitivo, as orgias ferem a minha concepção de amor, exclusivo e fiel. Mas cada um desfruta do corpo como quer. No livro sagrado, a sexualidade é uma dimensão essencial da vida. Um bom crente é alguém que sabe equilibrar as esferas carnal e espiritual. Eu diria mais: existe um lado hedonista que defende o justo aproveitamento dos bens que Deus colocou em nossas mãos. Agradecemos a Deus por ter feito os pássaros, as árvores, os frutos da terra e por ter permitido que duas almas possam se amar e se encontrar pelo corpo. Procuro acreditar que existem brechas, mesmo nas sociedades mais restritas. O que me contam da Arábia Saudita confirma que, atrás do véu e das portas fechadas, há licenças inacreditáveis. O único porém é que esses mundos paralelos prolongam a vida desses beatos que pretendem comandar os muçulmanos com abusos e intolerâncias. Acredito que o mundo árabe muçulmano seja mais libertino do que aparenta. Resta a ele tornar-se livre.''

Acho que temos de ser um pouco mais Árabes na maneira como vemos o sexo. Temos de nos voltar a excitar com o ver de relance uma perna, um tornozelo. Hoje em dia no Ocidente, temos de arranjar excitação no fundo de um poço muito negro. Com a Internet é fácil ver todo e qualquer tipo de acção . E isso arruína a fantasia.

2 comentários:

horned_dog disse...

Excelente post!

Uma visão rara sobre a sensualidade nestes dias que correm... E muito verdadeira.

Quantas vezes não encontramos mais sensualidade num elegante vestido negro que deixa adivinhar uma silhueta, do que numa figura desnudada de forma crua?

O mistério, o que está por revelar, aquilo que é difícil de conquistar, torna-se inúmeras vezes mais desejado e satisfatório quando realizado.

Os meus parabéns...

Rui Valdiviesso disse...

Belo!