segunda-feira, fevereiro 14, 2005

Vida Impressionante

Ora morreu o último dos moican... ermmm pastorinhos. Melhor dito: morreu a última. Os dois partidos mais saudosistas suspenderam temporariamente a campanha eleitoral. De certo que foi para cairem no goto aos saloios portugueses que vivem ainda no tempo dos três F's, pois Portugal julgo que ainda é um país laico. Hoje por acaso fui à missa de manhã - se é que ficar à porta a conversar com familiares conta. Quando um a um os fiéis iam saíndo queixavam-se que a homilia espremida era igual a zero. Outros mesmo estavam um pouco revoltados porque o padre ia caíndo na tentação de falar em política. Curioso porque o tema da missa por ele escolhido foi segundo parece, a Tentação. Ora todos sabemos que quando padres falam de política, já se sabe que vai sair saudosismo de direita, bafiento, daquele que os escuteiros e demais ratos de sacristia estão cheios quando há um referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez. Mas desta feita, o pastor, qual Jesus no deserto, rejeitou a tentação - decerto por avaliar que as suas hípoteses de sair impune (e com a sua integridade física intacta) eram na melhor das hípoteses, ténues. Um familiar contava-me que quando estava em Angola bebia muitas vezes vinho de missa, que se parece segundo ele com Vinho do Porto. Ele e alguns companheiros, incluíndo o capelão, bebiam à noite uns whiskies (que memória prodigiosa: custavam segundo ele dois e quinhentos cada!) e quando já estavam bem aviados pediam ao capelão para ir buscar o famoso vinho da missa. Mas não o bebiam sem antes fazerem uma procissão (leia-se dar uma volta em conjunto) à volta da capela, enquanto um deles cantava uma cançoneta qualquer (de facto o meu familiar entoou-a também mas esqueci-me...) . Disse-me terminando, que o vinho era pouco porque parece que o mandavam contado para as missas... Após este interludio cómico, voltemos à Irmã Lúcia. Santana Lopes disse que teve uma "vida impressionante" emocionado. O conceito do Santana de interessante é o seguinte:

Nascer no campo num Portugal pobre. E dizer pobre é favor. Pobre de espírito e paupérrimo economicamente. Não aprender a ler nem a escrever e trabalhar como pastora desde a mais tenra infância. Tomar conta dos ranhosos irmãos mais novos. Levar porrada por tudo e por nada. Evidentemente que um espírito assim preso, encontra fuga fácil no grande confidente e amigo dos portugueses, de agora e de antanho: o Vinho. Ora em certa tarde em que as três crianças disfrutavam dos prazeres do campo em companhia de uma garrafa que conseguiram surripiar lá do casebre, foi o príncipio do fim (e o início de mais um negócio lucrativo para Portugal e Vaticano). Não sei se não valerá a pena analisar também as propriedades halucinogéneas da relva da Cova da Iria, pois o pobre Vinho tem sempre as costas largas. Em todo o caso a "trip" foi grande: afirmaram que a senhora que viram era do tamanho da santa lá da igreja local (o que lhe conferia uns 70 cm de altura) e que as portas dos céu fecharam tão depressa ao fim da visão que apanharam os pés à senhora. Após isto foi o que se sabe: conventos o resto da vida. Eis a vida interressante. Ecce femina.

Não acredito que a pobre senhora tenha ouvido nenhuns segredos ou revelações - foi um títere da Santa Sé (conversão da Rússia bolchevique?? A Rússia converteu-se ao dólar!). Não acredito tampouco em políticos polígamos que piscam o olho à igreja e cuja entrada na Wikipedia termina assim: "É pai de cinco filhos e filhas de três diferentes mulheres."

1 comentário:

horned_dog disse...

Em grande, companheiro... Felizmente estes arrivistas playboyanos pegam em tudo pra fazer campanha e desmascaram-se a eles próprios... Graças a Deus, não se aproveitaram de nenhum assunto sério... LOL!