domingo, junho 19, 2005

Aspirina Efervescente

Saiba o caro leitor que me contradigo muitas vezes. Admito-o. Mas apraz-me observar que algumas situações críticas já não me fazem sentir ardores no estômago como em outros tempos. Sou como aquelas aspirinas efervescentes depois de um minuto no copo de água. O visitar esse blog Irmandade Negra é como um teste Voight-Kampf ao meu carácter - se sou realmente humano, no sentido quase Cristão da palavra. Consigo delinear um texto atroz, claramente racista - utilizando palavras como "cafre", "barrete vermelho", "escravo", "3º mundo" e "terrorista" "colonial", mas o conteúdo não me transmite nenhum prazer. Sou como a Lady Galadriel, na soberba adaptação do Peter Jackson d'As Duas Torres do Tolkien. Vejo o Anel à mão de semear, sinto a sua sedução, imagino o que poderia ter sido, mas não me deixo corromper. É que para mim a Europa vai de Lisboa a Tânger, a Tunes, vai pelas ruínas cobertas de areia de Cartago, pelos desertos da Líbia, pelo Cairo, por Tel-Aviv, pelas ruínas de Persépolis, queimada por Alexandre, pelo Tigre e pelo Eufrates, volta com uma onda beijar as ruínas de Tróia na Ásia Menor, passa por Constantinopla, pela Grécia berço de civilizações, pela península Itálica, pátria da Latinidade - por terras Celtas dos Gauleses e Anglos, pelos terras dos Godos para lá do Reno, para o Norte e Leste, terras dos homens do norte, para o Báltico dos eslavos. Cresci de certa forma, separei-me de conceitos de "raças". Nós os portugueses, latinos, com sangue godo e árabe nas veias, talvez os mais negros dos brancos, somos quem tem de dar o exemplo.

4 comentários:

horned_dog disse...

Bonito... Poético!

Diria mesmo épico! =)

É uma excelente forma de constatar a realidade da evolução das "raças" e culturas humanas, que por muito que alguns tentem, legítima ou ilegitimamente, nunca poderão compartimentar ou restringir com fronteiras teóricas. Se antepassados nossos cometeram erros e injustiças, não me parece sensato continuar os erros com vinganças e perpétuar o ódio...

Anónimo disse...

Caro f.s. não me diga que você se transforma de uma redonda pastilha branca num liquido amarelado com gás...estou a brincar, não me leve a mal.
Espero que com o seu texto não se esteja a referir a mim pois eu li alguns post's e respostas desse blog e não me corrompi.
É que para mim a Europa pertence a um mundo que deveria ser unido.
não me separei de conceitos de "raças" pois acho que somos concerteza diferentes, e ainda bem.
Não por não me querer misturar com pretos ou amarelos ou brancos ou vermelhos ou verdes(marcianos, que eles andem aí), mas sim por sermos diferentes e termos tanta coisa a aprender uns com os outros, para que este mundo seja um mundo melhor.
Abraço.

F.S. disse...

"Espero que com o seu texto não se esteja a referir a mim pois eu li alguns post's e respostas desse blog e não me corrompi." Claro que não. Parece-me que ler o tal blog faz crescer uma raiva contra outra raça a qualquer um. O mundo é moldado ao modelo da Europa ou do ideal da Europa e temos de nos manter dignos de tal. Temos de aceitar e respeitar, como bem disse, as outras culturas - isso é fundamental. Não é por acharmos que o canibalismo, o uso do véu ou a pena de morte são práticas abomináveis que vamos aniquilar quem as pratica.

Rui Valdiviesso disse...

Ah Europa, querida Europa...