segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Do exílio

Perdoem-me as parcas palavras, mas escrevo de um ermo campo de concentração, construído maquiavelicamente para manter os alunos embestificados e os professores caladinhos, e a que eufemisticamente chamamos escola eb2/3. Espero que o exército vermelho me venha libertar...

domingo, fevereiro 27, 2005

Autocarros...

Recentemente assisti a mais uma daquelas situações típicas dos autocarros... Escusado será dizer que foi uma situação estúpida!

Por isso vou dedicar uma série de posts aos maravilhosos utilizadores do serviço de transportes da Cidade do Porto que me arruinam o juízo!

Vou começar assim:

Velhotes que passam a viagem toda a falar (bem alto!) de como tudo no tempo do Salazar era melhor e agora era necessário pelo menos um Salazar em cada esquina pra endireitar este País...

Aguardem o próximo...

quinta-feira, fevereiro 24, 2005

Darth Paulo II

Parece que o papa está a ser submetido a uma traqueotomia. Mais um passo para tornar o pobre homem completamente rídiculo, pois agora para falar vai ter que tapar o buraquinho na traqueia. Não é que ele falasse muito já - mas agora vais simplesmente balbuciar enquanto inspira e expira à la Darth Vader... Foi pena o episódio III da Guerra das Estrelas já estar finalizado senão o James Earl Jones arriscava-se a ter concorrência. Evidentemente que os tachistas do Vaticano estão apostados em que o homem viva 1000 anos - e se houver mesmo algum fã do George Lucas por lá porque não conservá-lo em carbono como o Han Solo no "Empire Strikes Back"?


Eu sei que vou para o Inferno por causa disto...

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

Circo Tecnológico

Com o governo do Engº Sócrates espero que finalmente sejam resolvidos diversas questões e promessas relacionadas com a informática. Espero que as promessas de choque tecnológico sejam devidamente atendidas pois hoje vivemos o circo tecnológico. Assim para se começar com as coisas mais básicas dever-se-ia começar por implementar uma tarifa única nas chamadas de dados através de modem telefónico, sem limite de tempo. Lembram-se de ouvir falar nisto? Pois ficou em águas de bacalhau porque os interesses dos empresários portugueses não podem ser afrontados por estas "novas tecnologias", velhas de 20 anos... Outra coisa que tem mesmo de acabar é a invenção portuguesa do limite de tráfego ("bandwidth") que os ISP teimam em querer impor aos clientes. Realmente é uma invenção maquiavélica sem sentido absolutamente nenhum. Para além dos acessos serem caros e a qualidade média/baixa (eu sei porque sou cliente da Netcabo) ainda temos direito a uma e-mail de aviso de tráfego aí uma semana depois de termos chegado ao limite por nós definido para receber o tal aviso... É uma tanga.
Outra coisa que tem de ser revista é o B.I. - para quando uma versão electrónica que agregue diferentes informações (cartão de eleitor, cartão de contribuinte, caderneta militar, cartão de utente da Saúde, cartão da Segurança Social) num só cartão? É que estes actuais já são relíquias de outros tempos - e até um menino de 6 anos com a devida orientação os consegue falsificar... Que o digam os brasileiros a trabalhar por essa Europa fora que os arranjam por 100 EUR...

terça-feira, fevereiro 22, 2005

Guinada à esquerda...

Dizer que o País virou à esquerda é o proverbial understatement... Verificou-se a generalidade de afluência às urnas e também o descontentamento pela governação anterior!

Esperos que esta mudança de poleiro possa trazer na realidade melhorias ao País e que este protesto não tenha sido em vão...

Que não seja apenas uma mudança de caras... Ou melhor, que não mudem só as moscas!

domingo, fevereiro 20, 2005

Dever cívico

Hoje de tarde fui cumprir o meu direito de cidadão de uma democracia livre e encontrei uma multidão de tamanho considerável que acorreu às urnas (ao contrário de eleições anteriores) apesar de me deslocar ao ponto de voto sensivelmente no mesmo horário que utilizei nos sufrágios anteriores... Encaro isto como extremamente positivo, significando que o povo se terá interessado um pouco mais com a governação do País. Espero que esta mudança se verifique nos outros locais do nosso País e que a vergonhosa percentagem de abstenções diminua consideravelmente. Pois a mim faz-me enorme confusão que os eleitores não se importem com o processo que determina o Governo da nação. O desagrado mostra-se com um voto branco, que significará que nenhum dos partidos candidatos agrada ao votante e este assim mostra a sua posição. A abstenção apenas mostra desinteresse... Como pode alguém que não contribuiu para o processo eleitoral mostrar-se desagradado com a governação, se ele próprio prescindiu do direito (e dever) de votar?

E quais as causas da renovada corrida às urnas? Eu creio que isto corrobora as teorias da péssima governação deste(s) último(s) mandato(s)...

P.S. (Post Scriptum, nada de siglas políticas!): Escrevo este post antes da urnas fecharem e sem qualquer noção do resultados final ou percentagem de abstenção. Todo este raciocínio resulta da quantidade de gente que encontrei ao ir votar... Muito científico, não?

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

Obra

Sem querer estar sempre a bater na mesma tecla, vou tentar escrever um post final em relação a Irmã Lúcia... Ainda no contexto do post anterior, fiz uma busca rápida e pouco aprofundada sobre a biografia da defunta carmelita, para tentar fundamentar a minha preferência sobre Madre Teresa de Calcutá. Encontrei imediatamente um link para um site denominado "Fátima Missionária", onde encontrei um resumo de algumas datas da vida de Lúcia. O texto é o seguinte:

"Nasceu a 22 de Março de 1907, em Aljustrel, Fátima. Aos 10 anos, foi uma das três crianças a quem Nossa Senhora falou. A terceira parte do segredo de Fátima, foi escrito pela irmã Lúcia, a mais velha dos videntes e prima de Jacinta e Francisco Marto, por ordem do bispo de Leiria, D. José Alves Correia da Silva, a 3 de Janeiro de 1944, quando se encontrava em Tuy, Espanha. O envelope selado só foi aberto pelo patriarca de Lisboa e pelo bispo de Leiria em 1960.

O documento ficaria bem guardado na diocese até ser mais tarde enviado pelo próprio bispo ao Vaticano, onde permaneceu em segredo até Maio de 2000, dia em que João Paulo II visitou o Santuário de Fátima, pela terceira vez, para beatificar os pastorinhos.

A Irmã Lúcia é a vidente de Fátima.
Em 17 de Junho de 1921 entrou como aluna no colégio das Irmãs Doroteias em Vilar, Porto.
Decidida a ser religiosa doroteia iniciou o postulantado em Pontevedra em 1925.
No dia 2 de Outubro de 1926 deu início ao noviciado em Tuy.
Professou no dia 3 de Outubro de 1928 em Tuy e alí permanece uns anos.
Em 1934 voltou para a comunidade de Pontevedra.
Em 1937 voltou de novo para a comunidade de Tuy.
Em 1946 regressou a Portugal para ser integrada na Casa do Sardão, em Vila Nova de Gaia.
Em 25 de Março de 1948 entrou para o Carmelo de Santa Teresa em Coimbra.
Em 13 de Maio de 1948 tomou o hábito de Carmelita e professou em 31 de Maio de 1949.
Dedica a sua vida à oração e à contemplação, como resposta à mensagem de Fátima.
Escreveu as Memórias (2 volumes) e os Apelos da Mensagem de Fátima."

Fim de citação. Sem obras referidas.

Numa nova procura rápida e superficial, sobre a obra de Irmã Lúcia tropecei num link, perdido no meios de outros irrelevantes, que me remeteu para um artigo no site do Instituto Camões, da autoria de António Marujo. Este texto revela a promiscuidade da Igreja Católica Portuguesa com a ditadura salazarista, com menções a revelações divinas tidas por Irmã Lúcia que indicavam Salazar como o governante português escolhido por Deus... De facto Deus odeia-nos! Neste texto é possível encontrar citações de frases engraçadas tais como: "O Senhor [Deus] deu à Nação portuguesa um chefe de governo que tem sabido conquistar não só o amor do seu povo mas também o respeito e estima do mundo." da autoria do Papa Pio XII.

Leitura recomendada, digo eu...

E, entusiasmado, voltei a escrever um post enormíssimo...

Desculpem-me!

"I knew him well, Horatio..." ou será "Horatio, I knew him well..."? bah...

Em resposta às críticas pelo aproveitamento do seu partido da morte da Irmã Lúcia para uma interrupção da campanha com fins populistas, Paulo Portas, ou P.P. para os amigos, referiu que os adversários políticos se estavam a aproveitar da morte de "uma pessoa com um coração do tamanho do mundo" para fins políticos... Já anteriormente referi que vi com maior tristeza a partida de Madre Teresa! Ora, sem conhecer grande obra feita pela Irmã Lúcia (mas nunca duvidando que fosse boa pessoa, não quero ser juíz em causas que não conheço) suponho que Paulo Portas tivesse previlégios no toca ao relacionamento próximo com Irmã Lúcia, apesar da sua clausura. Ou não passará tudo de beatitude desmedida? Ou ainda, de aproveitamento político?

terça-feira, fevereiro 15, 2005

Tempo de Antena

Os meus favoritos do tempo de antena:

PNR: "Fechar as fronteiras para garantir a soberania nacional e impedir a entrada de delinquentes estrangeiros..."; "...dar mais força às nossas polícias para que o medo passe para o lado dos criminosos", etc, etc (Julguei que pela constituição Portuguesa partidos de extrema direita eram proibidos.)

PCTP/MRPP: Aquela "Internacional" em surdina à entrada e saída do tempo de antena arrebata-me.

PPD/PSD: O banjo do "O PSD fez e o PS não vai mudar". O Durão Barroso, presidente da comissão europeia, a fazer campanha (aí aí Zézinho, vais ter problemas...).

CDU: O hino é excelente. Até o menino Jesus o sabe trautear.

Nixon



Lembram-se do "All in the Family" com o inesquecível personagem Archie Bunker? Ora noutro dia num episódio qualquer (que passa na SIC ou RTP memória) calhou falar-se em casa do Archie de aborto. A filha e o genro diziam que o corpo era da mulher e que ela devia ter poder de escolha sobre ele. O Archie retorquia agastado que nem queria sequer ouvir falar disso em casa dele. Que era um pecado.

Afinal a América de Nixon é igual ao Portugal do ano 2005. Já só temos 20 anos de atraso mental.

Palavras para quê...


Ver pra crer...

É pena o boom tecnológico que se verificou dos anos 80 pra cá, a nível de gadgets não se ter verificado antes... Assim tipo no início do século!

Quem sabe, a esta hora poderíamos estar a rever a gravação da aparição de Fátima que o pastorinho Francisco teria feito com o seu telemóvel com câmara incluída... Ou com a sua Camcorder...

E com uma mensagem sms para um daqueles números com 4 algarismos, por meros 75 cêntimos, os dedicados beatos podiam receber uma mms com a imagem do coração perfurado por espinhos de Nossa Senhora de Fátima, para usar no seu ecrã colorido.

Ah, o progresso, o progresso...

Clausura

É impossível passar ao lado da partida da Irmã Lúcia para o merecido descanso no céu. Desde o triste momento do seu falecimento somos inundados com imagens da pastorinha. Algumas estações de TV pareciam esperar por este momento a toda a hora, pois no próprio dia do trágico evento fomos brindados com um documentário extenso sobre a grande vida (como o post anterior do meu colega F.S. tão bem mencionou) da pobre carmelita... E pra tornar tudo ainda mais interessante, era narrado por uma voz monocórdica e deprimente de algum pobre beato encostado nas prateleiras da RTP... Oh, descuidei-me quanto à identidade da estação!

A senhora, ou menina, como o estado civil de Lúcia a permite classificar, passou a maior parte de sua vida enclausurada num convento, longe de tudo e de todos. Tudo por causa de uma visão e um punhado de segredos revelados por Nossa Senhora (a de Fátima, não confundir com outras que aparecem por esse mundo fora). Terá valido a pena? A certo ponto não teria sido melhor confessar (ou inventar) que tudo não tinha passado de um delírio conjunto ou desculpa esfarrapada pra vadiagem?

De qualquer maneira, faleceu aos 97 anos, pode dizer-se que foi na horinha dela, bem conservada e quem me dera a mim chegar aos 80 que seja...

Devo dizer que me inspirou mais tristeza a partida de Madre Teresa de Calcutá...

Não me chamem pouco patriótico, apenas realista!

segunda-feira, fevereiro 14, 2005

Vida Impressionante

Ora morreu o último dos moican... ermmm pastorinhos. Melhor dito: morreu a última. Os dois partidos mais saudosistas suspenderam temporariamente a campanha eleitoral. De certo que foi para cairem no goto aos saloios portugueses que vivem ainda no tempo dos três F's, pois Portugal julgo que ainda é um país laico. Hoje por acaso fui à missa de manhã - se é que ficar à porta a conversar com familiares conta. Quando um a um os fiéis iam saíndo queixavam-se que a homilia espremida era igual a zero. Outros mesmo estavam um pouco revoltados porque o padre ia caíndo na tentação de falar em política. Curioso porque o tema da missa por ele escolhido foi segundo parece, a Tentação. Ora todos sabemos que quando padres falam de política, já se sabe que vai sair saudosismo de direita, bafiento, daquele que os escuteiros e demais ratos de sacristia estão cheios quando há um referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez. Mas desta feita, o pastor, qual Jesus no deserto, rejeitou a tentação - decerto por avaliar que as suas hípoteses de sair impune (e com a sua integridade física intacta) eram na melhor das hípoteses, ténues. Um familiar contava-me que quando estava em Angola bebia muitas vezes vinho de missa, que se parece segundo ele com Vinho do Porto. Ele e alguns companheiros, incluíndo o capelão, bebiam à noite uns whiskies (que memória prodigiosa: custavam segundo ele dois e quinhentos cada!) e quando já estavam bem aviados pediam ao capelão para ir buscar o famoso vinho da missa. Mas não o bebiam sem antes fazerem uma procissão (leia-se dar uma volta em conjunto) à volta da capela, enquanto um deles cantava uma cançoneta qualquer (de facto o meu familiar entoou-a também mas esqueci-me...) . Disse-me terminando, que o vinho era pouco porque parece que o mandavam contado para as missas... Após este interludio cómico, voltemos à Irmã Lúcia. Santana Lopes disse que teve uma "vida impressionante" emocionado. O conceito do Santana de interessante é o seguinte:

Nascer no campo num Portugal pobre. E dizer pobre é favor. Pobre de espírito e paupérrimo economicamente. Não aprender a ler nem a escrever e trabalhar como pastora desde a mais tenra infância. Tomar conta dos ranhosos irmãos mais novos. Levar porrada por tudo e por nada. Evidentemente que um espírito assim preso, encontra fuga fácil no grande confidente e amigo dos portugueses, de agora e de antanho: o Vinho. Ora em certa tarde em que as três crianças disfrutavam dos prazeres do campo em companhia de uma garrafa que conseguiram surripiar lá do casebre, foi o príncipio do fim (e o início de mais um negócio lucrativo para Portugal e Vaticano). Não sei se não valerá a pena analisar também as propriedades halucinogéneas da relva da Cova da Iria, pois o pobre Vinho tem sempre as costas largas. Em todo o caso a "trip" foi grande: afirmaram que a senhora que viram era do tamanho da santa lá da igreja local (o que lhe conferia uns 70 cm de altura) e que as portas dos céu fecharam tão depressa ao fim da visão que apanharam os pés à senhora. Após isto foi o que se sabe: conventos o resto da vida. Eis a vida interressante. Ecce femina.

Não acredito que a pobre senhora tenha ouvido nenhuns segredos ou revelações - foi um títere da Santa Sé (conversão da Rússia bolchevique?? A Rússia converteu-se ao dólar!). Não acredito tampouco em políticos polígamos que piscam o olho à igreja e cuja entrada na Wikipedia termina assim: "É pai de cinco filhos e filhas de três diferentes mulheres."

domingo, fevereiro 13, 2005

Estreia

Saudações, caros leitores!

Parece que desta feita é que vai ser possível estrear-me neste cantinho. Confesso ter dificuldades em acompanhar a bagagem cultural exibida pelos meus colegas de blog, assim como o talento que expõem nos seus posts... Mas prometo trabalho e empenho!

Humm, creio que começo a trilhar um caminho perigos, este o das promessas... Lembra-me o período que atravessamos: a terrível CAMPANHA ELEITORAL!

Se bem, que se pensarmos o assunto a fundo, não é assim tão terrível... É durante este período que assistimos a belos momentos de TV, plenos de humor alguns (capazes de destronar os Malucos do Riso do top de audiências), e outros simplesmente ridículos e que nos fazem pena de ter nascido neste nosso país. Bem, mas as outras nações também terão as suas pequenas vergonhas, não?

Sim, creio que sim... Mas confesso que por vezes me parece que neste campo nós possuímos quase todos os exclusivos...

sábado, fevereiro 12, 2005

(M/F)

A obrigatoridade de os anúncios serem dirigidos a ambos os sexos produz situações no mínimo hilariantes. Veja-se estes dois casos retirados do JN de Sábado.


quinta-feira, fevereiro 10, 2005

Cartão Verde

Já me aconteceu algumas vezes enquanto navegava pela net ter encontrado uma "banner" escrita em Português que diz qualquer coisa do género:

"Viva e trabalhe nos Estados Unidos. Lotaria do Cartão Verde."



Mas que raio de ideia é esta? Por acaso algum cidadão Português quer ir viver e trabalhar para os EUA? Onde julgam eles que estamos - num país do 4º mundo? Bem vistas as coisas e na situação por que parece passar o país actualmente se calhar até faz algum sentido. Noutro dia vi uma reportagem dedicada à nova emigração. Nessa reportagem apareciam umas 5 pessoas que iam embarcar no avião com destino à terra do inspector Rex, para trabalhar na hotelaria. Não levavam a famosa mala de cartão mas levavam uma lagrimazita no olho. Diziam que aqui não havia empregos, e que a situação era má. Ora se acabarem a limpar latrinas em Viena se calhar não se importam e até rejubilam com os seus 1143€ mensais. Se fosse cá em Portugal era um escândalo, mas como os austríacos comem sabão não faz mal. Quando se reformarem ainda podem usufruir do sistema de saúde nacional e do da Áustria (mais do nosso porque embora funcione pior é de graça), mas aí vão ver que se calhar era melhor na sua juventude terem apanhado o avião para Zurique porque assim ainda podiam receber duas reformas: uma de cá e outra de lá.

Lembro-me agora do tema dos Xutos & Pontapés, "N'América" e começo a pensar que aquela "banner" tem mensagens subliminares, pois a ideia de partir afigura-se mais apelativa. Vou dos 0 aos 100 num momento, como um potentíssimo Ford Mustang. Estava revoltado e agora estou tranquilo. Sou vítima do sortilégio do sonho americano.

"Mas em dias por vezes espaçados
Vêm-me à cabeça pontos desfocados
Desse mundo sempre agitado
Possível sonho todo bem rodado
E na TV,produtos embalados
Entram em nós, bem camuflados
Como é que eu fico, eu fico engasgado
Com o novo mundo mesmo ali ao lado

Está mesmo ali ao lado

E eu vou ter que sair, e eu vou ter que partir
Finalmente vais ver
O que é que iria ser, o que é que eu iria ter

N'América
N'América"

Bom, vou clicar. E quando me virem da próxima vez, espero que seja com um cartão verde na mão.

quarta-feira, fevereiro 09, 2005

Eça dixit

O couraçado

Todos vocês já deram de caras com aquelas pessoas que tratam os comunistas por "comunas" e que os consideram seres de uma casta inferior. Parece-me chegada a hora de se fazer uma pequena compilação do que habitualmente se julga dos comunistas e que cada um refute cada ideia por si próprio. Parecerão alguns pontos tremendamente ridículos e hilariantes, mas asseguro-vos que já os ouvi a todos vindos de pessoas cujas convicções (e cabeças!) são tão duras como as chapas de aço desse couraçado Potemkine... Começemos então:

  • Comem crianças ao pequeno almoço;
  • Tem armas em casa para o caso de rebentar uma revolução;
  • Tem um retrato do Lenine pendurado na parede;
  • Caso um partido de extrema esquerda chegasse ao poder passaríamos todos a andar vestidos de fatos de macaco azuis e a usar boina;
  • Defendem a distribuição rigorosamente igualitária da riqueza (incluíndo tamanhos de casa com rigor de duas casas decimais, telemóveis, carros e computadores);
  • Vão à festa do Avante;
  • Fumam ganza;
  • Comem crianças ao almoço;
  • Trabalham na Lisnave;
  • Usam cachecóis às cores e sapatos confortáveis;
  • Estiveram presos antes do 25 de Abril;
  • São sindicalizados;
  • Vestem-se mal;
  • Andam de bicicleta;
  • Usam barba comprida;
  • Passaram a fronteira a salto pelo menos uma vez;
  • Não vão à missa e comem carne na 4ª feira de cinzas;
  • Gostam de Fausto Bordalo Dias;
  • Fazem abortos e comem os fetos ao jantar;
  • Tocam djambé;
  • São sócios da Women on Waves;
  • São benfiquistas;
  • Frequentam festas gay;
  • São alentejanos;

A Turma do Pedrinho

Vou ser honesto com os leitores: este texto que se segue é uma transição entre o humor e a política, englobando, logicamente, os dois campos. Não que a política não seja séria, mas torna-se mais apetecível se observada à luneta de um sentido de humor que se espera acutilante.

Uma característica com que me tenho deparado nos nossos governantes mais recentes é a infantilidade, nomeadamente na sua vertente mais mimalha e irritante. Não aquela que se espera numa criança na altura própria do seu desenvolvimento, mas mais a infantilidade tardia e desprezível daqueles que se esperava que tivessem crescido mais um pouco.

Senão, vejamos: os membros do Governo são todos queixinhas. Quando um mete a “pata na poça”, há sempre um ministro ou até o Primeiro, a denunciar o erro, tentando demarcar-se da incompetência. Se é o próprio a errar, não hesita em culpar o próximo, que geralmente é inferior hierárquico. “Foi ele que fez!” – dizem dissimuladamente. E assim se vêm trocando acusações entre ministérios.

Outra das características das crianças é a dificuldade ou incapacidade de se porem no lugar do outro. Vivem no centro do seu próprio mundo, num egocentrismo atroz, sem conhecimento das consequências dos seus actos sobre o próximo. São, assim, naturalmente irresponsáveis. Isto é aceitável numa criança, pois sabemos que, mais tarde ou mais cedo, se vai conseguir descentrar do “eu” e adquirir o ponto de vista dos outros. Mas tal não acontece com os membros do nosso Governo. Os seus actos e as suas decisões acabam sempre por prejudicar um grande número de pessoas, sem que ninguém se pareça importar muito com isso!

Essas características pueris são por demais evidentes se nos centrarmos numa personagem paradigmática: o Ministro da Defesa Nacional. Este imberbe parou, algures, no seu desenvolvimento psicológico, o que pode ser corroborado pela sua fixação fálica nos submarinos, que não se cansa de pedir aos pais – perdão – ao País, à custa do orçamento nacional. Já para não falar no seu gosto em brincar à tropa e em muitos mais desvios.

Já vimos que estas crianças gostam de atribuir a culpa das suas próprias asneiras aos outros, mas há uma em particular que perdeu todo o respeito (ou nunca o teve) e atribui a responsabilidade dos seus actos inconsequentes ao próprio Professor! Este infante terrível é tão irresponsável e desrespeitador que, quando se lembrou de fazer um desenho da família, o próprio “pai” pediu para ser apagado. Ele até desenhou o “avô” que já morreu e a “mãe” que abandonou o lar, deixando-lhe a cargo toda a responsabilidade de o gerir.

Mais uma vez, fruto da falência da família e em comparação com o que acontece nas nossas escolas, a tarefa de educar ficou a cargo do Professor, que, já arrependido de ter aceitado a turma, decidiu expulsá-los, não sem antes os ter posto de castigo.

Vamos lá ver como começa o novo “ano lectivo”. Se a turma mudar, quer-me parecer que a maioria serão “repetentes”, o que não augura nada de bom.

segunda-feira, fevereiro 07, 2005

Homofobia

O programa do Herman José que dá na SIC aos Domingos, tornou-se uma verdadeira feira medieval onde os aleijões se mostram às multidões espantadas a troco de umas coroas. De facto, para além de transformar os seus colaboradores em abjectos transformistas, processo do qual parecem obter ambas as partes um singular prazer, passam a vida a frequentar o programa, travestis, transformistas, travecas e mais toda e qualquer denominação possível que estas criaturas possam, queiram ou não queiram ter. Numa coisa quase todos estão sempre de acordo. Nunca são homossexuais, mas sim pessoas normais que gostam de se vestir como mulher e cantar músicas do Júlio Iglesias ou da Ana em playback - são artistas e se não forem o seu anfitrião a isso os promove. Caramba é demais. Já não basta levarmos com a injecção da pedofilia ainda temos que levar esta injecção dominical?? Livramo-nos do Marcelo e agora temos estes...

Tu José Vilhena sempre viste estas situações claramente. Longa vida mestre!

[Curioso que sem intenção descobri um artigo que fala quer do Herman SIC quer do Vilhena... Aqui está. "Keep your enemies closer still..."]

Carrica

Carrica é o nome de uma povoaçãozita na qual passará o leitor se ao chegar a Vila Real virar em direcção a Chaves, seguindo pela Estrada Nacional 2. Antes de chegar a Vila Pouca de Aguiar, passará por umas quantas rectas com alguns quilómetros de comprimento, conhecidas como "rectas de Vila Pouca" (surpresa!). Numa destas rectas (mais propriamente à entrada da 1ª quando se vem de Vila Real) cá está a nossa Carrica que de comprimento junto à estrada terá aí uns 300 metros no máximo. Ora nesta terriola, ou a propósito dela, cometem-se todos os dias roubos magistrais, perpetrados por insuspeitos agentes da BT. Ora vejamos como.
As rectas da N2, que naturalmente convidam a um andamento mais célere permitem que dentro da legalidade as transponhamos a 90 km/h. Como o leitor sabe, dentro das localidades, a velocidade máxima é 50 km/h - e aqui reside o "catch" da questão. Entre aquelas duas fatídicas placas onde se lê Carrica, esconde-se por trás de uma sebe um agente da BT, qual Robin do Bosques emboscado à espera dos homens do xerife de Nottingham. Quando o insuspeito condutor, passar pela povoação a 90 km/h, demorando aí uns 10 segundos a transpô-la, tiram-lhe uma fotografia e analisam-lhe a velocidade. Na primeira curva à saída das rectas, lá estarão os esbirros da BT a fazer-lhe sinal de paragem. Ora está fácil de ver que se for a 90 km/h, está a exceder em muito a velocidade permitida na pequena localidade. E eis que o seu passeio/férias se transforma numa dor de cabeça. A sua carta fica apreendida e a multa é elevada. Aqui o treino psicológico porque passam estes agentes realmente dá frutos e permite-lhes levar para casa ao fim do dia uma maquia considerável em dinheiro estorquido. Se for emigrante não tem de se preocupar. Pode acelerar muito mais que os 90 km/h em questão que como distinto cidadão trabalhador no estrangeiro, contribuindo muitíssimo para o erário nacional, não tem de direito a castigo. Mas estes agentes da BT tem um bom coração, porque o radar só activa a máquina fotográfica a 86 km/h confessam - e aqui está para mim a beleza de toda a questão. Repare o leitor que se prosseguir na sua marcha a 90 km/h terá excedido claramente a velocidade permitida. Se no entanto decidir travar ligeiramente ao ver a placa da Carrica e transpor a a povoação a 85 km/h, mesmo excedendo a velocidade permitida em 35 km/h estará tudo bem. Mas se tiver a ideia de atravessar a Carrica excedendo a velocidade permitida em 36 km/h estará perdido. Evidentemente que para efeitos legais a velocidade a que se activa o radar não tem nada a ver. De facto excedeu a velocidade a 36 km/h, mais n% do que a velocidade permitida no local - não interessa se o radar dispara a X ou a Y. A coisa torna-se mais complicada se adicionarmos as percentagem de excesso de velocidade previstas no código - mas faça agora o leitor as contas.

Cuidado amigos. Eles andem aí.

quarta-feira, fevereiro 02, 2005

Saborear!

Na senda das minhas fantásticas invenções, tenho tido a preocupação de ter em conta profundos fundamentos biológicos e evolucionistas que acredito estarem na base de um mundo de respeito, igualdade e tolerância. A última pretendia diluir o preconceito pelo doente de caspa, tornando-o num membro de uma classe orgulhosa e sem problemas de auto-estima. Esta que vos trago hoje manipula os nossos sentidos na busca de uma obscura teia de interesses consumistas.
Os nossos 3 milhões de anos de evolução como Homo sapiens instituíram-nos características genéticas à primeira vista peculiares, mas, sobretudo, comuns aos demais animais. Uma delas é, simplesmente, desconfiar daquilo que sabe mal e cheira mal (excepto o queijo) e confiar naquilo que sabe bem e cheira bem (excepto o queijo). Isto explica o porquê das crianças pequenas, que são o reservatório dos nossos comportamentos primitivos, olharem para os espinafres e para os brócolos com tanta desconfiança.
Nós, na realidade, evoluímos como caçadores tribais, amantes da boa carne. Antes de sermos macacos caçadores, fomos macacos recolectores, amantes da boa fruta. Talvez até tenhamos passado por uma fase evolutiva intermédia em que fomos macacos aquáticos, amantes do bom peixe e marisco. A agricultura só surgiu há cerca de 10 000 anos, o que não significa mais que um grão de areia no deserto da nossa adaptação genética ao nabo, à couve ou ao grelo. Claro que isto deita por terra, cientificamente, aqueles que acreditam no vegetarianismo como forma de vida.
A minha ideia revolucionária é inventar toda uma linha de produtos comerciais que despertem os nossos instintos de confiança básica. Imaginem um detergente para limpar sanitas com sabor a entrecosto grelhado ou uma piaçaba (aquela ferramenta irmã do detergente acima referido, com forma de escova), com sabor a lombinho de porco: sucesso garantido! Vender-se-iam como tremoços!
Não importa que esses produtos não sejam comestíveis. Confiaríamos mais neles pelo simples facto de despertarem os nossos temperamentos carnívoros.
Acredito, assim, num Mundo ideal povoado de sabão azul com sabor a robalo assado, t-shirts com sabor a salsicha, sapatos com sabor a costeleta e, já agora, como é inevitável impedir alguém com uma fase oral mal resolvida, de roer lápis, porque não faze-los com sabor a feijoada?
Melhor ainda, uma linha feminina de produtos para o corpo com sabor a morango! Hummmm....