quinta-feira, dezembro 29, 2005

Interregno festivo

Caros leitores, este nosso espaço de partilha de ideias encontra-se numa fase de letargia, derivado do enfartamento dos autores por ingestão de largas quantidades de doçaria festiva. Um bocadinho à imagem do Prof. Aníbal, mas com menos prepotência...

Aproveito para desejar uma excelente continuação de boas festas, já que estas coisas duram até aos Reis (6 de Janeiro)...

A todos um excelente 2006, que o ano novo traga melhorias a este nosso país

Um abraço

sexta-feira, dezembro 16, 2005

And in this corner...

Vou apenas proceder a uma rápida apresentação dos candidatos presidenciais:

Mário "O Bochechas" Soares: antigo ocupante do poleiro e que quer acabar por lá, porque não deve ter nada que fazer entre sestas...

Aníbal Cavaco "A Debulhadora de Pastelaria Festiva" Silva: falhou uma vez, não lhe apetece repetir o fracasso e tá pronto a fazer as contas ao futuro da nação!

Manuel "O Poeta" Alegre: o lírico revolucionário que ninguém cala, vai até ao fim nem que tenha de assinar ele próprio 10.000 vezes!

Jerónimo "O Operário Dançante" de Sousa: acredita poder endireitar os país a tempo de salvar os operário fabris da indútria têxtil dos invasores mongóis, perdão, chineses!

Francisco "O Chico dos Paivas" Louçã: planeia casar todos os homossexuais deste país, mesmo os que não querem, e ao mesmo tempo tentar salvar a política financeira e de emprego, arrasada pela globalização imperialista!

Todos têm as suas qualidades e os seus defeitos, uns mais de uma coisa que de outra, consoante o ponto de vista de cada eleitor.

Continuo com saudades do Paulinho "Beija Feirantes" Portas... Era um excelente complemento para este ramalhete!

Ai, ai...

Vieira 2006! Acreditem, é possível...

quinta-feira, dezembro 15, 2005

Uiiiiiiiiiiiiii

Estou neste preciso momento a ouvir a interpretação de Pedro Abrunhosa de um dos seus hits, num programa da TVI...

Chamo-lhe interpretação, porque se eu dissesse que ele estava a cantar, seria no mínimo insultuoso para os verdadeiros cantores.

Ele, o Pedro, também nunca escondeu que não sabe cantar e como tal admite que o que faz é uma interpretação dos poemas musicados que compõe.

Isso eu aceito. Mas a exibição dele esta noite, mesmo na sua habitual prestação de declamação, foi... fraquiiiinha!

Até arrepiou, o modo como fugiu de toda e qualquer musicalidade, em tons de voz por vezes ultra-sónicos, como se fosse um adolescente a passar por aquela fase humilhante em que a voz sofre a mudança na puberdade!

Nunca, como hoje, rezei tanto para que a produção tivesse optado por um playback ou uma cover feita por outro intérprete!

Dêem Mebocaína ao senhor...

Sr. Presidente...

As eleições presidenciais estão à porta. Muitos dirão: "Mas o que interessa? O gajo não tem poder nenhum!"
Bem... a realidade é essa, com algumas excepções, previstas na Constituição da República Portuguesa. Como, por exemplo, a autoridade de declarar guerra, com o aval do Governo e o apoio da Assembleia da República.
Ora isto torna-se deveras interessante.
Pensemos assim: quem gostariamos de ter na cadeira de Belém, com o poder de declarar guerra a outro país?
Melhor ainda: quem NÃO gostariamos que nos representasse?
Para mim, é pena não haver candidatos como Vieira, que, de certeza, iria declarar guera ao Burkina-faso ou ao Reino do Butão. E ainda, dar a independência às Berlengas, para depois as destruír com um torpedo disparado do bom e velho Barracuda. Eram as minhas secretas esperanças.
Ou então, o Sousa Tavares, a declarar guerra ao Benfica. E a nomear como Ministro da Defesa e do Laser, o Cristiano Ronaldo.
Mas, agora brincando um pouco, o que eu realmente espero de um Presidente é que seja como o actual. Que não faça asneira. O que já é pedir muito!
Jorge Sampaio tem um bom perfil presidencial. É educado, simpático, sabe intervir quando é preciso. Fala, fala, fala e lá vai dizendo alguma coisa, no seu jeito diplomático. É um gajo culto e sabedor, que tem respeitado a Constituição e feito uso dela como há muito não se via. Usou um dos poderes mais fortes: virou os terrenos e atacou com a criatura da Dissolução do Parlamento. Mandou o Governo do PPD/PP para o cemitério. Apesar das críticas da direita, não foi por isso que perdeu consistência ou verticalidade.
Se olharmos bem por detrás dos ombros do Sampaio, só vamos encontrar alguém com semelhante ou maior dignidade no General Ramalho Eanes. Homem simples, educado, cordial e, por estranho que pareça, culto. Honesto nos 10 anos que serviu o País. Eleito a primeira vez pela direita, a segunda pela esquerda, conseguiu várias vezes unir Portugal no caminho do desenvolvimento, afastando-o da desordem e do caos. Foi um dos mais lúcidos intervenientes do 25 de Novembro, apartidarizando-se dos confrontos e promovendo quer o diálogo, quer a força necessária para estabilizar aqueles infames processos contra-revolucionários. Soube-se sempre distanciar o suficiente para ter uma moral interventiva acima de quaisquer suspeitas. Deve-se também a ele a poupança de muito sangue que poderia ter corrido com a ameaça de uma guerra civil.
Durante a sua presidência, o Governo chefiado por Mário Soares lembrou-se de rever a Constituição, retirando ou diluindo os, naquela altura, fortes poderes do Presidente. O Marocas não curtia o Eanes, como nunca curtiu muito qualquer general que não fosse da UNITA.
Depois de Eanes, vieram 10 anos de Soares, o Presidente que veio a sofrer do próprio veneno. Soube-se orientar, até porque conhecia sobejamente os poderes presidenciais que ele próprio tinha reservado, à força de ter subtraído os outros. E como se orientou!
No próximo post, voltarei com os Senhores Presidenciáveis. Um a um. Para ajudar o confuso ou o lúcido leitor a escolher aquele que melhor sirva os seus interesses, e que possa mais facilmente declarar guerra ao país que constiui o seu ódio de estimação. Eu, por mim, não gosto muito da Suazilândia.

terça-feira, dezembro 13, 2005

Diário de um Exterminador Implacável

«12-13-2005 (N.T.: data em americano),
Como Eu tinha dito, na Minha última sequela: "I'll be back!" Ah... sempre gostei de ouvir a Minha pronúncia austríaca na televisão. Como Eu Sou justo e implacvável! Um deus de metal! Um verdadeiro Conan! Um bárbaro de charuto cubano e fato de bom corte...
Uns idiotas que devem ser comunistas ou coisa parecida, de uma espelunca qualquer tipo Greenpeace da Humanidade... ah... ja me lembro, Amnistia Internacional, é assim que se chama, têm andado a irritar-Me com cartas e petições. Apetecia-Me esmaga-los como insectos, com os Meus punhos todo-poderosos. Queriam que perdoasse um preto qualquer que a impecável justiça do Meu estado condenou à muito adequada pena de morte.
Eu nem sequer sabia que tinha esse poder, de decidir: tu morres! tu não!
Agora, sinto-Me muito melhor! Nem sequer tive que mexer uma palha para matar esse escarumba. Como Sou poderoso!
Lei é lei. Matas, tens que morrer. Assim, às 12:30 AM (N.T.: hora em americano), la fritámos o macaco.
Disseram eles que o "neegro" (N.T.: preto em americano) até foi nomeado 5 vezes para o Prémio Nobel da Paz e 4 vezes para o Prémio Nobel da Literatura! Grande coisa... eu desprezo esses europeus e os seus prémiozinhos insignificantes! Se eu Fui europeu e mudei! Prémios verdadeiros, só os Oscars (N.T. Óscares em americano). Querem lá comparar! Idiotas!
A América é feita de gente forte, que tem o supremo direito de andar com uma Magnum 44 no cinto das calças. Que tem o dever de ter um carro como toda a gente. E de comer um belo "hot dog" (N.T.: cachorro quente em americano) à frente da televisão, de preferência a ver um dos meus aprazíveis filmes em que trocido alguém ou afago uma inocente criancinha. Não precisamos de Nobel Prizes (N.T. nóbéis em saramaguês). Nem queremos mais pretos assassinos. Nem sequer mais pretos a sujar o banco dos júris dos nossos impolutos tribunais.
Se a imaculada justiça americana tirou os pretos do júri no julgamento desse assassino, foi para evitar a solidariedade entre os macacos. "So help me God!" (N.T.: "não cometerei prejúrio" em americano).
"I'll be back!"»

domingo, dezembro 11, 2005

Deserto de ideias...


Um bocadinho como o nosso querido país...

sábado, dezembro 03, 2005

Na Rússia a fome é negra...

Li esta notícia no site da BBC e não resisti a transmiti-la a si, afortunado leitor. Saiba pois que um grupo de esquilos negros (que a BBC apelida de alcateia), ao que parece esfomeados, atacaram um pobre vira-latas num parque na longuínqua cidade de Lazo, Rússia. Atacaram, mataram, despedaçaram e comeram o pobre do cão, cujo único crime, ao que parece, foi o de lhes ter ladrado enquanto eles andavam a fazer o que quer que seja que os esquilos fazem pela ramagem das árvores.


Um dos membros do grupo de meliantes a deleitar-se, desta feita, com uma avelã

A jornalista Nastasia Trubitsina do jornal Komsomolskaya Pravda afirma que os esquilos "esventraram literalmente o cão" e quando viram humanos, as únicas testemunhas deste bizarro acontecimento, fugiram em direcções diferentes, carregando nacos da sua presa. O douto cientista da região Mikhail Tiyunov afirma que é a primeira vez que ouve falar de um ataque destes. Esquilos sem fontes de proteínas podem atacar ninhos de aves, mas a ideia de atacarem um cão é "absurda". "Se tal aconteceu de facto, as coisas devem estar mesmo mal nas nossas florestas" afirma. O Komsomolskaya Pravda afirma que no Outono passado houve relatórios de esquilos aterrorizarem gatos. Um homem que se identificou como Mikhalich disse que este ano "não houveram pinhas nenhumas" e que "os animais estão agitados porque não tem nada para comer".

Ora bom, esta notícia tem um misto perfeito de comédia e de drama. Fora a obvia comédia, isto faz-me pensar em coisas como o infame "Chupacabras", no célebre desastre da equipa de râguebi nos Andes, no filme "Os Pássaros" de Hitchcock, no CSI, em testes de armas químicas, em cabeças reduzidas na Papua-Nova Guiné, etc, etc...



Escarrar ainda é o menos...

Projecção da Comissão Europeia para 2012: Portugal deverá sofrer um aumento de 42,2 por cento nas emissões de gases com efeito de estufa até 2012, tornando-se nessa altura o país comunitário mais poluente.

Boa. E nós sempre a criticar os EUA por não assinarem coisas tipo protocolo de Kyoto e tal... [Autor abana a cabeça com olhos postos no teclado...]

Deixei-me que vos diga uma coisa: Um reactorzitos nucleares, sobre supervisão da UE, não faziam mal nenhum... Deixem-se de mariquices... E o governo, esse bando de sucessivos inaptos, porque não reduzem o tempo de avaliação de processos de produção de energia éolica? E porque não dão uns fundos para os jovens empresários se poderem lançar no negócio, pelas fragas, que (ainda*) estiverem livres, para lá do Marão.

Ainda se pode sonhar ou não?

*- Passo muitas vezes por para lá dele (do Marão!) - e devo-vos dizer que existem muitas hélices por aqueles montes - muitas mesmo. Na zona do Marão existem bastantes. Na zona de Ribeira de Pena - Boticas - Montalegre existem também muitíssimas. Parece no entanto que ainda não são suficientes...



sexta-feira, dezembro 02, 2005

Granito

Velha e nobre pedra com que se fez o Porto. E com que se está a desfazer.
À semelhança do nosso granito, de duas micas e de génese antiquíssima, por isso propenso a alterações, as ruas do Porto estão cada vez mais feias, mais desfeitas.
Exemplo é a Avenida dos Aliados. A característica calçada portuguesa, Património Nacional, está a ser, ora suave, ora abruptamente substituída pelo granito.
E, a juntar aos materiais mal escolhidos e mal aplicados, está também uma enorme falta de gosto e de senso na organização dos elementos urbanos.
Veja-se a Praça da Batalha, onde os autocarros percorrem aquela via meândrica, obrigando os transeuntes a redobrada cautela. Ou a linha do eléctrico, que é inexplicável. Vem não sei de onde, aparece não sei porquê e vai para o nada. De eléctricos, nem o som, quanto mais a cor ou a substância.
Tudo parece ser fruto de uns senhores arquitectos consagrados e premiados.
Quando me lembro do que foi feito no âmbito do Porto 2001 - Capital Europeia da Cultura - nem me parece real a opurtunidade que se perdeu para dinamizar esta cidade culturalmente, o que implica um verdadeiro acréscimo à qualidade de vida das populações. Tudo o que se fez foi granito.
Desprestigiante para o Porto, para os Portuenses e para o próprio granito em si.
A nobreza desta cidade, dos seus habitantes, da rocha, do vinho, do Douro, a nobreza da invictabilidade, merecia mais. Merecia que os abutres do premontório do poder se vergassem sob a sua inépcia e, envergonhados, se retirassem como ratos do navio que se afunda, para que os bravos marinheiros agrilhoados aos remos, pudessem soltar-se e conduzir os destinos desta cidade.

Lixo, lixo e mais lixo

Como se não bastasse o Porto ser uma cidade suja, como já tive opurtunidade de dizer, ficou sem recolha de lixo nos últimos dias, devido a uma greve.
Cenário maravilhoso de sacos e sacos empilhados à volta dos contentores cheios. Na primeira noite, o normal. Na segunda, já os cães vadios e os gatos (e, quem sabe, algum ser humano mais necessitado) tinham andado a remexer nos sacos e a espalhar tudo. Na terceira noite, o caos total, o horror!
Para mim, esta greve dos funcionários do lixo (os lixeiros, ou andrades), mais que justa, foi pedagógica. Mostrou às pessoas a falta que fazem estes operários da noite, e que não é possível viver muito tempo sem eles. E também mostrou a enorme quantidade de resíduos que uma cidade consegue acumular. Impressionante!
A greve acabou à meia-noite de hoje, sem nada de muito concreto estar assegurado para estes trabalhadores.
Espero que a autarquia os saiba valorizar.

terça-feira, novembro 22, 2005

Hábitos Europeus

Ah, pois... claro... nós somos sempre maus... os portuguesitos. Os tristes habitantes do velhinho país, de velhissimas fronteiras. Mas temos grandes hábitos, um dos quais merece figurar na lista das características dos habitantes europeus.
Os alemães... bebem cerveja e comem salsichas. Os franceses levam a baguete debaixo do braço. Os ingleses são pontuais e bebem chá. Os suiços fazem relógios e chocolate. Os italianos comem spaguetti. Os espanhois dizem olé. Os holandeses... bem... cultivam tulipas, pronto!
E os portugueses? O que nos define?
Simples: OS PORTUGUESES COSPEM NO CHÃO.
Venho agora da rua onde vi uma criancinha que não teria mais de cinco anos, a puxar de uma belissima verde e a projecta-la com semelhante orgulho da sua lusitanidade, que não tive mais dúvida: a escarradela é o que nos define como europeus pluralistas e multiculturais.
Caso contrário, não espantaria a estranja que nos vem visitar, e que, à sua muito peculiar maneira, lá nos vai elogiando: "disgusting!".

segunda-feira, novembro 21, 2005

O Eduardo Acertou!

Ora leiam a crónica do Eduardo Prado Coelho no Público:
A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como Cavaco, Durão e Guterres. Agora dizemos que não servirá para nada. Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que foi Santana Lopes ou na farsa que é o Sócrates. O problema está em nós. Nós como povo. Nós como matéria prima de um país. Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que o euro. Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais. Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO. Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos ... e para eles mesmos. Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos. Pertenço a um país onde a falta de pontualidade é um hábito. Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano. Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e depois reclamam do governo por não limpar os esgotos. Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros. Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é "muito chato ter que ler") e não há consciência nem memória política, histórica nem económica. Onde nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média e beneficiar a alguns. Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser "compradas", sem se fazer qualquer exame.> Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme> para não dar-lhe o lugar. Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão. Um país onde fazemos> muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes. Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de trânsito para não ser multado. Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas. Não. Não. Não. Já basta. Como "matéria prima" de um país, temos muitas coisas boas, mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que nosso país precisa. Esses defeitos, essa "CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA" congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até converter-se em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é real e honestamente ruim, porque todos eles são portugueses como nós, ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não em outra parte... Fico triste. Porque, ainda que Sócrates fosse embora hoje> mesmo, o próximo que o suceder terá que continuar trabalhando com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos. E não poderá fazer nada... Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá. Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, e nem serve Sócrates, nem servirá o que vier. Qual é a alternativa? Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror? Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa "outra coisa" não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados....igualmente abusados! É muito bom ser português. Mas quando essa portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo muda... Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um messias. Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer. Está muito claro... Somos nós que temos que mudar. Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a nos acontecer: desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e francamente tolerantes com o fracasso. É a indústria da desculpa e da estupidez. Agora, depois desta mensagem, francamente decidi procurar responsável, não para castigá-lo, senão para exigir-lhe (sim, exigir-lhe) que melhore seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido. Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO. AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO EM OUTRO LADO. E você, o que pensa?.... MEDITE!

sexta-feira, novembro 11, 2005

Benny Hill está vivo!


Posted by Picasa

Este grande mestre da comédia, afinal, não morreu. O Chapéu foi dar com ele a viver uma vida pacata numa residência em Lisboa, onde nos recebeu vestido de mulher, para lembrar os velhos tempos da BBC. Benny Hill confidenciou-nos que escolheu partilhar o destino de Elvis, Lady Di ou até mesmo Ayrton Senna, simulando a sua morte e escolhendo um lugar longínquo e desconhecido, cheio de nativos ignorantes, para viver os seus últimos dias. Desconhecia era que o iríamos reconhecer. Tivesse feito como a Amália, que foi viver para um atol na Polinésia…
(Ver comentários para mais informações...)

Mérito a quem de direito...

Os prémios da CDP (Confederação do Desporto de Portugal) foram atribuídos, tendo o galardão de "Melhor Treinador do Ano", referente a 2004, sido entregue a José Peseiro.

Concordo. Acho perfeitamente justo.

Na temporada pretérita esse senhor conseguiu a proeza de perder todas as competições em que o seu clube estava envolvido mesmo mesmo nas últimas e derradeiras fases das competições.

É obra. Caso difícil de repetir e que não estará ao alcance de todo e qualquer Zé que povoa os bancos dos rectângulos de jogo.

(E pronto, se o meu colega Slinkman tem o tique dos comentários científicos perfeitamente legítimos, eu tenho o tique do ocasional disparate futebolístico!)

quinta-feira, novembro 10, 2005

O Periquito Assassino II

A gripe das aves é mais uma das muitas e nefastas consequências do consumismo e da sobreexploração dos recursos naturais.
Que direito tem um produtor de negar as necessidades básicas a uma dada espécie, com vista unicamente no maior lucro possível? Nenhum, claro! Mas nós, criaturas antropocêntricas por natureza, só nos podemos aperceber disso na medida em que somos prejudicados na nossa própria existência.
Infelizmente, as medidas preventivas deste tipo de situações são muito difíceis de aplicar, dado que há muito capital envolvido. Aqui, como em tudo o que meta dinheiro, cria-se uma hierarquia de aproveitadores dos males dos outros (sendo que os outros tanto podem ser animais humanos como não humanos).
Num nível mais baixo, estão os produtores de aves de aviário. A eles, como já vimos, interessa-lhes a rentabilidade máxima, e não têm escrúpulos em forçar ao máximo a indignidade dos efémeros portadores da sua matéria-prima – as aves – desde que seja rentável.
A um nível superior, encontram-se os senhores da indústria farmacêutica, e estes, sim, têm um aproveitamento duplo desta situação. Se por um lado, os aviários exigem grande quantidade de antibióticos e outros medicamentos, por outro, as doenças humanas que daí advêm, exigem muito mais. A caça aos antigripais já começou!
Estes lobbies poderosíssimos inspiram em mim o pessimismo que aprendi com Luís Sepúlveda, que afirma ser extremamente difícil suportar medidas que mexam com o capital.
De qualquer forma, uma solução razoável para prevenir este tipo de situações epidémicas seria legislar, com consciência e a participação de veterinários, biólogos e outros técnicos e teóricos, as condições mínimas em que um aviário pode funcionar. E estas condições dizem respeito, sobretudo, ao espaço disponível para cada ave, ao uso de medicamentos e às acções de limpeza e desinfecção.
Outra das acções a tomar, com certa urgência, é a limitação das populações de pombos urbanos, as tais ratazanas com asas, que, ao contrário daquilo que os técnicos afirmam, poderão não estar imunes a estirpes do vírus das aves. De qualquer forma, são um grande foco de doenças, além de destruírem o património arquitectónico e monumental das cidades.
Depois, se os pombos se tornarem, por acaso, portadores do vírus, o seu contacto privilegiado com a população humana e de outros animais urbanos, pode tornar-se num problemático foco de contágio.
Quanto à passarada migratória, considero ser a mínima das preocupações para o nosso país. Talvez os países da Europa de Leste tenham que controlar mais a saúde dos seus migradores, mas aqui em Portugal, os eixos preferenciais da migração são Norte-Sul. Preocupemo-nos se a gripe chegar a Marrocos. Se vierem aves de Leste, o mais provável é que, se estiverem infectadas e doentes, morram antes de chegar cá.
As feiras ao ar livre também não devem constituir grande problema, se forem cumpridas certas medidas de segurança, como por exemplo, a limpeza escrupulosa dos dejectos, penas e restos de alimentos que ficam nos terreiros.
Já chega de fechar os olhos à realidade. É muito mais provável que o vírus se dissemine nos aviários que em qualquer outro lado. E aqui, os tratadores das aves e as suas famílias, são o principal grupo de risco.

Voltarei quando houver mais novidades. Até lá, não se ponham a fugir dos passarinhos, eles têm mais a temer de nós que nós deles.

segunda-feira, novembro 07, 2005

O Periquito Assassino I

Como é que um país na cauda da Europa em ternos de educação e saúde, gere as suas expectativas relativamente à gripe das aves?
Com alarmismo, claro! Pois é isso que vende jornais e dá audiências aos noticiários. Um alarmismo bacoco e descontextualizado do problema real, com laivos de ignorância transeunte e histeria de mercadores da inocente passarada.
No outro extremo, assiste-se aos especialistas da área, sempre eruditos e ecléticos, discutindo a denominação correcta do vírus e as diferentes estirpes.
E a raiz do problema?
Fala-se de medidas de saúde pública, de remédios, vacinas, galinhas e pombos, mas ainda não ouvi uma explicação razoável sobre de onde veio o malfadado vírus, porque apareceu e porque se disseminou.
Estamos no país dos “bitaites”, onde quem vai à televisão falar destas coisas é quase sempre o médico, que por sua vez é amigo comum de um Secretário de Estado e do director de programas e que tratou a papeira ao filho do jornalista que conduz o debate.
A figura central do médico, sobrevalorizada, dava azo para muitos posts dedicados ao medicocentrismo do sistema de saúde.
Claro que os médicos têm uma palavra a dizer neste assunto, tal como os veterinários. Mas o problema é muito mais abrangente, e a sua foice só entra na seara do mal que já está feito.
Um vírus deste tipo só pode ter surgido em condições de grande intervenção antrópica, ou seja, fomos nós que lhe demos uma mãozinha, e estamos a sofrer as consequências disso.
O que eu pretendo afirmar é que o tal vírus não surgiu por acaso na Natureza, mas é uma criação potenciada pela exploração humana de certas espécies de aves. É o protesto desesperado das galinhas de aviário por melhores condições de vida.
Mais: é a velha história do certo e errado, do bem e do mal, do compromisso entre o consumo e a sustentabilidade.
Como?
Aqui vai: qualquer espécie de animal social se distribui num dado espaço de acordo com as reservas deste, sendo que esta distribuição é um comportamento que resulta de milhões de anos de evolução genética, de adaptação a um ambiente às suas condições.
O Homo sapiens, toldado pela sua pretensa superioridade sobre as outras espécies, perverteu esses comportamentos naturais, forçando grandes “culturas” de animais que visam a máxima rentabilidade numa área mínima.
Assim, temos aviários onde centenas de milhares de aves estão confinadas a espaços pequeníssimos, em oposição com o espaço que essas aves necessitariam para ter uma vida minimamente digna.
Quando falo em dignidade animal, neste caso específico, refiro-me à sua protecção contra o contágio de agentes patogénicos.
Cada comportamento animal tem inerente uma medida de riscos e benefícios. Assim sendo, os animais que vivem em sociedades com um certo nível de organização, fazem-no porque as vantagens (exploração de recursos alimentares, baixa dispersão reprodutiva, estratégias de fuga aos predadores) são maiores que as desvantagens (maior incidência de contágio de parasitas, vírus e bactérias, competição por recursos, etc.…).
A evolução beneficiou, portanto, os animais socialmente mais aptos, espalhando os seus genes numa população.
As aves de capoeira não são estranhas a esta teoria. Basta observar meia dúzia de galinhas e um galo num pequeno terreiro para constatar que existem áreas preferenciais para a alimentação, para a postura, diferentes tipos de relações hierárquicas, o domínio do macho… E isto tudo em aves domesticadas. Já nem falo em aves selvagens!
A grande perversão destes instintos sociais é forçar o aumento exponencial do número de animais por unidade de área – o aviário.
Imagine o leitor um pequeno espaço onde sobrevivem apertadíssimas, centenas de milhares de aves, para exploração de carne ou ovos. A probabilidade de contágio aumenta exponencialmente!
É por demais conhecido o uso de antibióticos nos aviários, para combater as doenças normais que surgem com estas situações. Mas mesmo com uma grande mortalidade de indivíduos, continua a ser rentável criar em aviários. Uma área reduzida exige poucos funcionários e menores gastos em energia e limpeza. E se em 100 000 galinhas morrerem umas 3 000, não há grande prejuízo para o avicultor.
Com o contágio assim facilitado, aumentam também as probabilidades de mutação de vírus. Terá sido assim que surgiu a gripe das aves, algures no Oriente, e é neste contexto que as estirpes dos vírus se podem diferenciar, não sendo de todo absurdo considerar que uma dessas mutações possa tornar possível o contágio humano-humano.
Esta é a forma que as aves têm, metaforicamente, de protestar contra as suas condições de vida, avisando-nos que o que fazemos à Natureza, mais tarde ou mais cedo, se reflecte em nós.

E como este post está a tornar-se enorme e cansativo, deixo-vos com uma boa dose de argumentos geniais, escritos por João Alves, 17 anos, sobre os princípios da discriminação e preconceito em relação às outras espécies, e que o leitor pode encontrar na secção dos comentários.

Regressarei em breve com muito mais sobre as aves migratórias, os dejectos e as ratazanas com asas.

quinta-feira, novembro 03, 2005

Dias Tranquilos em Clichy

Alguns de vós devem reconhecer o título, de um romance de Henry Miller, esse grande Miller que viveu mais recentemente os últimos resquícios desse Paris das boulevards e dos cafés iluminados a gás de Baudelaire. O Paris do quartier latin onde o nosso Santa Ritta pintor, que preferia que lhe chamassem Pauvre Guillaumme (já o governo Português da altura não suportava financeiramente os estudantes veja-se!), se passeava com um galgo por uma trela. Onde as bailarinas da Ópera Nacional, favorito tema de Degas eram todas oriundas de famílias pobres e após os espectáculos se encontravam com senhores de classes altas para arranjarem protectores. Se o ballet falhasse havia sempre as mesas do Chat Noir, onde se supõem, que o tema para a única escultura de Degas, a célebre Pequena Bailarina tenha terminado os seus dias. Essa Pequena Bailarina, que tantas consciências abalou.

Ora hoje, Clichy não tem estado tão tranquilo. Dizia um parlamentar que foram queimados nestes últimos dias cerca de 150 automóveis. Duram estes levantamentos populares há já 5 noites. Mas porquê? Ora Clichy é um pobre bairro de emigrantes àrabes oriundos do Magrebe - onde para se arranjar um emprego tem de ser ir a 100 entrevistas, onde ainda se é posto de lado pela sociedade Gaulesa por causa da cor da pele e pela religião. Ora a maioria dos Árabes de Clichy são tão Franceses como os habitantes da Cova da Moura são Portugueses. Não tem culpa que os países que os acolhem agora e lhes dão a nacionalidade se tenham servido das suas ex-pátrias da forma que quiseram durante séculos e agora os ponham em ghettos sem esperança no futuro e sem emprego. Comeram-lhes a carne, agora comam os ossos.

Lembra-me um maravilhoso filme que vi nos anos 80, e que desde então nunca mais tive a felicidade de ver de novo. Chamava-se "Thé au harem d'Archimède", e tratava exactamente do jovem Árabe Francês e da sua luta do quotidiano. Foi apresentado no Festival de Cannes em 1985 e realizado por Mehdi Charef.

Se puderem vejam. Tenho a certeza que compreenderão melhor. Deixo-vos o link para a entrada no IMDB.


Mau crédito

Parece que foi assinado um acordo entre o Estado Português e o Estado Moçambicano, segundo o qual, o país africano irá pagar a Portugal, em prestações menos que suaves, cerca de 790 milhões de euros de dívidas referentes à Hidroeléctrica de Cahora Bassa. Este montate é menos de metade da dívida estimada pelas autoridades portuguesas (2,3 MIL MILHÕES de euros). Mas não deixa de se muito "carcanhol"!

Ainda quero ver como é que Moçambique, um dos países mais pobres do mundo, vai conseguir esta proeza...

Os países africanos estão enterrados até ao pescoço...

sexta-feira, outubro 28, 2005

Calor misterioso

Curiosamente, apesar do corpo masculino ser mais propício à acumulação de gordura na zona abdominal, são as meninas que persistem em manter a sua barriguinha descoberta. Mesmo durante o Inverno...

quinta-feira, outubro 27, 2005

Perdoai-lhes, Senhor, eles não sabem o que fazem...

Pois é… O mundo está a mudar. As convenções antigas, os velhos padrões, tudo cai em desuso.

Por exemplo, a velha expressão “meninos de coro” para qualificar alguém de “bem comportado” sofreu um rude golpe recentemente. Vejam bem que na Irlanda, milhares de crianças conseguiram seduzir cerca de 20 pobres sacerdotes, criaturas respeitáveis por serem desprovidas de tentações.

Shame on the kids…

(horned_dog abana a cabeça de forma desaprovadora…)

terça-feira, outubro 25, 2005

Desmotivação eleitoral

Confesso-me desmotivado para as eleições que se aproximam. Apesar de uma eventual candidatura Vieirense, relembrada aqui pelos participantes do nosso blog, me incutir alguma alegria, é com tristeza que não vejo surgir uma candidatura de Paulo Portas. É com saudade que relembro os beijos repenicados com que era brindado nas lotas e feiras deste país, os quais recebia com um sorriso amarelo, sem disfarçar um esforçozinho para não verter o conteúdo do estômago.

Ah, boas memórias… O Paulinho das feiras. Era vê-lo passear de boina e casaco de tweed, qual gentleman dos prados verdejantes britânicos (ao bom estilo do saudoso Eng. Sousa Veloso). Prometendo justiça na distribuição de riqueza, nas reformas dos pensionistas, sonhando com submarinos e canhões e em andar rodeado de fardas. Ai, nostalgia.

Gostava de ver como seria a campanha agora.

Mas é mais difícil prometer quando se almeja ser Presidente da República. O poder é mais velado, menos autoritário.

Por isso estas campanhas são mais cinzentas. Resta-nos esperar uma trinca de bolo-rei à boca cheia ou um pézinho de dança.

segunda-feira, outubro 24, 2005

Vieira!

Proto, já sei que tenho eleitores, mas ainda não tenho 35 anos, por isso, a minha proposta é diferente!
Vamos fazer a campanha internautica para angariar assinaturas para a candidatura de M.J.Vieira às presidenciais.
Que me dizem?

Tecno-dependências

Há certos objectos que num instante parecem supérfluos e no instante seguinte tornam-se um vício/necessidade digno de estudo.

Os telemóveis, por exemplo:

Começaram como uma vaidadezinha de quem podia despender uns (bons) cobres para andar a fazer um vistaço na rua e junto dos amigos.

Agora não os largamos. É sms p’ra trás, é mms p’rá frente! E os toques, os toques, meu Deus! É toque para dizer que se chegou a casa bem, é toque para se dizer que se saiu de casa, é o toque só para se dizer que se está do outro lado… São polifónicos, são mp3, são máquinas fotográficas digitais que até dão para fazer chamadas, vejam bem…

Alguém se recorda do tempo em que se marcava um encontro e quando alguém se atrasava (ou era impedido de comparecer à última da hora) isso significava esperar infinitamente até acabar a paciência?

Pois é… Parecem longínquos esses tempos (os catraios nem imaginam o que isso seria).

Vivia-se mais devagar, nem melhor nem pior, mas simplesmente mais devagar. Era diferente.

quinta-feira, outubro 20, 2005

Viva o Bolo-Rei

Vamos ter uma campanha "Alegre" pois o senhor do bolo-rei vai regressar à vida política. E estamos a chegar ao Natal! Vai ser circo garantido, a ver quem faz mais migalhas em frente ao eleitorado.

Enquanto isso, continuamos portuguesitos ignorantes...

Às vezes até me custa acreditar como tenha passado incólume aos olhos dos democratas portugueses, um acto como o daquele homenzito que andou a servir cafés nas Lages aos dementes das armas de destruição maciça que invadiram o Iraque...

O senhor do bolo-rei é o pai político desse homenzito, que agora subiu de posto e é servido de cafés em Bruxelas.

Pais e filhos, sobrinhos e tios, afilhados e padrinhos... é sempre a mesma rodagem.

Mas eu não alinho nesses compadrios. Vou votar alegremente nas próximas presidenciais.

terça-feira, outubro 11, 2005

Pondo a mão na massa...

Aprecio a gestão do Sporting Clube de Portugal...

Não despede o Peseiro para não ter de pagar indemnização.

Vende os jogadores que forma nas suas camadas jovens.

Com o dinheiro que assim consegue não compra ninguém de jeito.

E com o orçamento do futebol profissional criou uma secção de boxe, da qual Beto e Custódio são os primeiros atletas.

Boa política!

segunda-feira, outubro 10, 2005

Coitadinho do Crocodilo

E pronto. Terminou o circo. Os actores recolhem às "roulottes", os aleijões e as bestas às jaulas. Por Gondomar, os boçais em suas casas festejam mais uma vitória do "Major". Ora o nosso querido "Major" aldrabão? Qual quê... Apenas foi expulso do exército Português por roubar! O único pecado dele é ir à missa muitas vezes! Veja-se que o candidato do PSD, partido que o Major Valentim Loureiro defendeu garbosamente até à pouco tempo, o acusou de ter desviado cerca de 3 milhões de euros, por especulação imobiliária, para o bolso dele e dos seus colaboradores. No discurso de vitória, Valentim, com os olhos aguados, e face rubra de excitação, criticava mais uma vez o líder do PSD, Marques Mendes, por não o ter aceite como candidato. Caro "Major", podes ter ganho a curto prazo, mas o pequenito Marques Mendes ganhou-te a médio/longo. Não vês tu que as pessoas com senso comum acham razoável que pessoas com processos em tribunal não se candidatem? A tua guarda pessoal, os 10.000 Imortais do Rei da Pérsia, aqueles que compraste com electrodomésticos no passado e agora, com corações em filigrana só te amam como uma prostituta ama o seu cliente. Quando estiveres vazio repudiam-te como um cão sarnento. A câmara de Gondomar como qualquer outra é notoriamente corrupta. Não há buraco nenhum que se abra sem que um Engº receba uns cobres. A parte do Diabo. E aí do empreiteiro que não dê qualquer coisita... Tem os fiscais todos os dias em cima dele... Dizia-me um professor meu, que calarei o nome por razões óbvias, que em certa freguesia de Gondomar foi a um almoço com o responsável local e com um empreiteiro a quem a obra do concurso público que ia abrir na semana seguinte foi "adjudicada"...

Afinal o amarantino...

AFINAL O AMARANTINO,
É ELEITOR COM MUITO TINO!

E pronto, com este slogan consolida-se uma pequena vitória da democracia e liberdade.

O eleitorado de Amarante soube ver o que se preparava para se instalar no seu concelho e soube rebatê-lo. O derrotado (ou melhor, o pincipal dos derrotados) atribuiu logo as culpas da derrota às "calúnias" veículadas pela comunicação social e às pressões da empresa Mota-Engil, que teria exercido poderes de lobby para impôr o PS no poder local.

Típico.

Nem seria de esperar que Avelino Ferreira Torres chamasse a si a responsabilidade da derrota, ou às suas acções passadas no exercício dos seus mandatos no Marco de Canavezes.

Quanto às outras autarquias "quentes" resta esperar para ver no que aquilo vai dar. Isto de votar em arquidos em processos de corrupção e semelhantes actividades ilícitas não me cheira bem... Custa-me ver pessoas com reputações manchadas a concorrer a cargos públicos antes de "limparem" o seu nome. E custa-me mais saber que muitas pessoas não se importam de lhes pôr nas mãos parte significativa do seu quotidiano.

E se houver condenações?

sábado, outubro 08, 2005

Informação

Serve o presente post para informar os leitores que hoje estamos encerrados para reflexão antes do acto eleitoral.
Amanhã é outra história!
Depois das eleições, está reaberto o espaço para desancar em quem de direito!

A Gerência.

P.S. (Post sciptum! - não vão julgar os leitores que ando a violar o dia de reflexão, e mesmo que andasse, não o violava para esse lado!), não me votem no Avelino, porra! Imploro-vos! Ponham os olhos nos americanos quando reelegeram o Bush e digam se foi bonito?! Ou nos espanhois quando elegeram o Aznar. Ou na SIC quando apresentou a Senhora Dona Lady. Ou no Sporting quando contratou o Peseiro...
É que há erros que são demasiado graves para desfazer!

quinta-feira, outubro 06, 2005

Desconfiança

O sufrágio confere à sociedade, numa democracia, o seu maior poder, a forma mais directa de guiar os seus destinos institucionais.
A abstenção é o fracasso puro e simples da democracia.
Desiludida como anda a turba, a abstenção tornou-se numa forma de demonstrar a sua insatisfação com a instituição democrática e os seus processos.
Uma insatisfação injusta, mal orientada e de memória curta.
Quase incompreensível numa democracia tão jovem, mas contudo explicável à luz da miséria e da ignorância, dois fantasmas do fascismo, dos quais ainda não nos libertámos por completo.
Vou ser directo: a libertação assenta, principalmente, na negação de um sistema bipartidário, bipolar, que se instalou depois do Verão Quente de 75.
O P.S. e o P.P.D. aproveitaram a ingenuidade libertária de uma democracia florescente, e tomaram nas suas mãos ávidas de poder, um País que parecia ter renascido em Abril. As mentiras “socialista” e “social-democrata”, completamente difusas das linhas práticas que estes dois partidos seguiram, anularam, enfim, o pluralismo pretendido.
Mais: as duas forças partidárias criaram monstros locais, sem qualquer sentido de democracia ou liberdade, como os que agora se mostram, impunes, sob o manto da corrupção autárquica.
Assim, chegamos à altura das eleições com um nível de desconfiança popular assente na tal insatisfação injusta, mal orientada e de memória curta.

Injusta porque desconfia da democracia, não reconhecendo as suas alternativas.
Mal orientada porque aponta para a abstenção.
De memória curta porque esquece a ditadura fascista.

Como tal, o eleitor abstém-se pois já não concebe o poder do seu voto como ferramenta de moldagem da sociedade, sendo que apenas configura um modelo bipartidário.
Isto apenas continua a favorecer o P.S. e o P.P.D., na sua sequiosa ganância de repartir o poder.
Será que vale a pena não ir votar só porque estamos insatisfeitos e desconfiados?
Eu, pelo contrário, considero muito mais relevante o acto eleitoral nestas condições. Votar é um acto de consciência.
Nada irá mudar pelo aumento da abstenção.
Por isso, sugiro aos eleitores que me lêem, que votem em consciência, mas que escolham pessoas diferentes, partidos diferentes. Que abalem os fundamentos inconstitucionais deste execrável sistema bipartidário.

terça-feira, outubro 04, 2005

Campanha

O meu amigo Slinkman pegou aqui num assunto muito interessante. Os slogans políticos de campanha. E referiu um caso concreto e muito preocupante. Amarante. Fontes locais informaram-me do surgimento de uns cartazes adulterados que introduziram uma alteração no nome da campanha de Avelino Ferreira Torres. Segundo o que me recordo a designação teria sido alterada de "Amar Amarante" para "Roubar Amarante". Não está mal. Eu proponho outra:

"Mamar em Amarante"

Podiamos ir mais longe. O assunto é extenso e tem pano para mangas, como o povo diz. Partilhem connosco os slogans que vos vierem à cabeça, quer sejam políticos comerciais ou sociais.

Revolucionemos a publicidade.

Divina providência

Pelos vistos só eu tenho sido contemplado com os maravilhosos comentários spam... Vou fazer o teste com este post escrito num PC diferente.

Se não for das máquinas, então muito provavelmente é castigo divino.

É justo.

Há gajos melhor comportados.

Votam PP, vão à missa, abstêm-se do sexo pré-marital, da bebida e outras coisas mais - meninos, não encarem isto como crítica, apenas como divergência de opinião.

Como costumo dizer, tudo o que é bom na vida ou faz mal ou é pecado.

Chiça, venha de lá o spam em catadupa, então...

segunda-feira, outubro 03, 2005

Se és bom amarantino...

SE ÉS BOM AMARANTINO,
NÃO VOTES NO AVELINO!

É o meu slogan de hoje.

Caramba, pessoal de Amarante (sei que pelo menos um costuma ler este humilde blog!), não permitam que a Democracia seja destruida no vosso Concelho!

É que esse Sr. Avelino é duma estirpe de verdugos que radicam a sua conduta no feudalismo...
Há quem lhes chame CACIQUES.

E quereis que as vossas conversas de café sejam registadas por bufos como se fazia no tempo da Velha Senhora e na actualidade no Marco de Canaveses?

Quereis ter uma Avenida Avelino Ferreira Torres?

Quereis a política de betão armado a destruír a beleza monumental da vossa cidade?

Pensem bem e votem em consciência. Não se abstenham. Nem que tenham que recorrer a essa coisa horrível na Democracia que é o voto útil!

Para grandes males, grandes remédios. Por isso:

SE ÉS BOM AMARANTINO,
NÃO VOTES NO AVELINO!

A crise, a crise... II

Saudações! Meu caro Horned_Dog, desculpa entrar no teu assunto das crónicas da cidade, mas o teu post vem a propósito com este. Ah! - vamos lá ver se recebo um comentário spam.
Hoje passei pela baixa do Porto e, além do triste vendedor de castanhas que já lá estava, havia também aquele ambiente de incêndios, o fumo, o cheiro a floresta carbonizada, a luz diáfana...
Em Outubro, veja-se.
Mais! - Na Praça dos Poveiros, já lá estava uma gigantesca decoração de Natal.
Sim, em Outubro, debaixo de uns amenos 26ºC (e foi um dia mais fresco hoje).
Será que o Mundo está perdido?
Hoje, em dia de eclipse.

domingo, outubro 02, 2005

O descaramento!!!

Há pouco tempo atrás manifestei aqui o meu descontentamento pelo spam que me ia parar à caixa de correio de um dos meus endereços de e-mail.

E não é que agora o ataque até já contempla os blogs!?!

Vejam o comentário ao meu post anterior...

Este mundo tá perdido!

Qual será o passo seguinte?

P.S: Mal este texto foi introduzido apareceu imediatamente um comentário spam ligado ao post... Vou ter de resolver isto!

sábado, outubro 01, 2005

A crise, a crise...

Nada ajuda a superar esta crise que o país atravessa. Principalmente a metereologia... Este ano corremos o risco de não ter o popular "Verão de São Martinho", mas sim Verão até ao São Martinho!

As vítimas, desta feita, vão ser os vendedores de castanhas, que habitualmente povoam as ruas das Baixas das nossas cidades. Não estou a ver grande procura para as castanhas assadas, quentinhas, em dias de 28.ºC!

O próximo passo é uma grande manisfestação de produtores de castanha e respectivos revendedores, a culpar o Governo... No Rossio ou em St.ª Catarina.

segunda-feira, setembro 19, 2005

Globalização...

A coisa já é antiga de uns 5 anos, mas só me chegou agora às mãos, por e-mail, e a razão de tal atraso deveu-se à falta de divulgação deste excelente discurso de um ministro de Lula, que deve ter incomodado muita gente.

É mais uma chamada de consciência do que é a porra da globalização para alguns países ditos "desenvolvidos" e o que eles esperam dessa globalização, escondida detrás das cortinas da protecção ambiental e cultural.

O que esses especuladores sem escrúpulos querem é lixar ainda mais os desvalidos, os fodidos da vida, para encherem os bolsos!

Leiam agora o artigo e o discurso, em português do Brasil, e sejam também vocês, caros leitores, a testemunharem contra a injustiça das grandes diferenças sociais entre o Mundo Civilizado dos Senhores de Colarinho Branco e os Desgraçadinhos da América Latina e da África e da Latrina Asiática...

O Globo 23/10/2000

Durante debate recente em uma Universidade, nos Estados Unidos, o ex-governador do Distrito Federal e ex-Ministro da Educação, Senador Cristovam Buarque, foi questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazônia.
O jovem americano introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um humanista e não de um brasileiro.
"De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso.
Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a Humanidade.
Se a Amazônia, sob uma óptica humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro. O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazônia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou não o seu preço.
Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um País.
Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.
Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas a França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar esse patrimônio cultural, como o patrimônio natural amazônico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um País.
Não faz muito, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele, um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado.
Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milênio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA.
Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhatan deveria pertencer a toda a Humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.
Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.
Nos seus debates, os atuais candidatos a presidência dos EUA tem defendido a idéia de internacionalizar a s reservas florestais do mundo em troca da dívida.
Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do mundo tenha possibilidade de COMER e de ir a escola. Internacionalizemos as Crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como patrimônio que merece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais do que merece a Amazônia.
Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um patrimônio da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar, que morram quando deveriam viver. Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja nossa. Só nossa!."

sexta-feira, setembro 16, 2005

Relembrar

"Historical reenactment: is an activity in which participants recreate some aspects of a historical event or period. It may be a narrowly-defined time period, such as a specific war or other event, or it may be more broadly defined.", diz a Wikipedia.

Eles nem sequer precisam. De verdade não. Quem anda nestas andanças não precisa de divulgação porque o faz por gosto pessoal. De qualquer modo nunca se sabe se podemos através destas linha cativar mais alguma alma perdida no tempo. Ou talvez não. Aqui fica de qualquer modo. O post anterior recordou-me deles - (e se algum tempo passei no Museu Militar foi em companhia de alguns membros).

Se gostarem procurem. Digam aqui qualquer coisa, sei lá...

Ah, e vejam a galeria, por amor de Deus, vejam a galeria.

Associação Napoleónica Portuguesa




segunda-feira, setembro 12, 2005

Museu Militar do Porto


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Estas balas pertencem a duas armas "ligeiras" usadas pelo Exército Português até meados dos anos 60. A maior é de uma espingarda Mouser e a mais baixa é de uma metralhadora Dreize. Duas das muitas armas que podem ser encontradas no Museu Militar do Porto.
As exigências da guerra colonial fizeram com que estas veteranissimas armas fossem abandonadas em detrimento de outras mais leves e práticas (só a Mauser pesava à volta de 7Kg, já para não falar da Dreize, que exigia 3 pessoas para ser operada: um apontador, um municiador e outro para trocar de cano quando este ficava incandescente!).
Neste museu pode ser encontrado um espólio vastíssimo de material militar, desde o séc. XVI até meados do séc. XX, compreendendo uniformes, artilharia ligeira e pesada, armas brancas, material de radiocomunicações, etc...
Além disso, possui uma invejável colecção de figuras em miniatura que ilustram a temática militar desde a antiguidade até à época contemporânea.
O edifício em que se situa foi sede da PIDE até ao dia 25 de Abril de 1974, tendo sido, por isso, cenário de torturas infames a muitos presos políticos, entre os quais, a ilustre Virgínia Moura.

Merece uma visita!

Aos interessados:

Museu Militar do Porto
Rua do Heroísmo, 329
4300 - 259 Porto

tel. 225 365 514
e-mail mmporto@adsl.tvtel.pt

Ao meu colega F.S., frequente visitador deste museu e muito mais versado nestas coisas das armas, deixo a liberdade de continuar a tecer considerações sobre este aprazível local.

terça-feira, setembro 06, 2005

Rolha


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Estava eu a abrir uma garrafinha de um Douro, quando me deparo com esta alarvidade: uma execrável rolha de plástico. Sim. Plástico. A tapar uma garrafa da região vinícola demarcada mais antiga do mundo, de um País que também é um grande produtor de cortiça. PLÁSTICO?!
Fiquei sem palavras. Comentem os meus pacientes leitores...

sábado, setembro 03, 2005

Racismo Eventual


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Um carro estacionado numa rua de Aveiro mostrava esta imagem. Não acho que tenha sido de propósito que o pisca lateral tivesse "calado" o indivíduo, mas de qualquer forma, achei piada.

sexta-feira, setembro 02, 2005

Impotência

Os efeitos do furacão Katrina na cidade de Nova Orleães deixou perfeitamente claro que ninguém pode medir forças contra a Natureza, quando esta se enfurece. A "Grande Potência" americana viu-se, assim, impotente... Será desta feita que finalmente irão ganhar respeito pelo meio ambiente? Irá este acontecimento ter algum impacto nas resoluções americanas quanto ao Protocolo de Kyoto? Duvido...


Os meus sentimentos para aqueles que perderam os entes queridos e ficaram desalojados, com esta catástrofe.

Para quem quiser saber mais sobre furacões - Página da NASA

quinta-feira, agosto 25, 2005

A enxada

O tempo do "Camarada, essa enxada não é tua, é da cooperativa!" já la vai... A reforma agrária, infelizmente, não funcionou, mas o Alentejo ainda está vivo e recomenda-se. Escrevo da biblioteca municipal de Montemor-o-Novo, construída sobre um velho convento, e daqui posso dizer que há de tudo um pouco disponível para quem quiser.
Recomendo uma visita a esta parte do Alto Alentejo. Vale a pena! Não se vão arrepender.

quarta-feira, agosto 17, 2005

Uma pedra de gelo no Verão

Desde cedo que me lembro de ler sobre a múmia gelada de um homem, caído morto nos Alpes perto de Hauslabjoch à cerca de 5200 anos. Acho que aí desde 92-93, pois lembro-me distintamente de ver um folheto afixado sobre isso numa aula de história por alturas da minha escola preparatória. É apelidado de Ötzi porque a zona onde foi descoberto durante um degelo extraordinário em 1991 é conhecida como os Alpes Ötzal - ali na zona fronteiriça entre a Itália e a Áustria. Na altura em que li mais avidamente sobre ele (90 e tais), ainda não se tinha descoberto a ponta de seta da qual parece ter morrido mas graças à televisão por cabo e a uma pequena maravilha chamada canal Odisseia pude ir completando visualmente e auditivamente o que lia na Internet. Para comprender a forma como o Ötzi viveu recomendo aos meus hipotéticos leitores um fabuloso jogo de computador - o UnReal World do Sami Maaranen. Não só para compreender o Ötzi mas todo um período da história que vai desde a Idade do Gelo, passando pelo Paleolítico até à Idade do Ferro (aí por alturas da Guerra das Gálias). De facto o UnReal World tem como idade de referência a Idade do Ferro na Finlândia mas a compreensão da forma de viver estende-se até esses períodos longuínquos que referi. Irá ver de facto o que é viver para arranjar comida, o sacrifício que é arranjar abrigo ou a dificuldade de fabricar uma flecha.



Mais sobre o Ötzi aqui:
Ötzi's Last Journey
The Iceman's Last Meal

O UnReal World é shareware e custa 30 EUR. Bem empregues. Diz ao Sami que vens da minha parte.

Já que falei do Paleolítico porque não incitar-vos a uma visita ao Parque Arqueológico do Vale do Côa? Eu estive lá à uns anos com uns compinchas e fiquei muitíssimo bem impressionado com a estrutura montada em volta das gravuras. Thumbs up para o Ministério da Cultura.

quinta-feira, agosto 11, 2005

A lista do Marcelo...

Neste último post parecia o Marcelo Rebelo de Sousa, a recomendar este livro, e mais aquele CD e este tupperware, que vai ao micro-ondas e tal...

Com uma ligeira ressalva:

Eu leio e vejo o que posteriormente recomendo, não me limito a fazer publicidade.

Plágio ou tributo?

Está na hora do geek!

Vou deixar de parte a crónica sócio-económica (muito bem entregue ao meu caro camarada Slinkman, mais culto e mais consciente que a minha pessoa) e enveredar por outros caminhos. Ao espreitar um draft do meu amigo F.S. (que me perdoe o atrevimento e a inconfidência) encontrei uma referência sobre Gene Wolfe, um dos seus escritores favoritos e mestre da ficção científica, por direito próprio. Ora, isto reacendeu o meu interesse pelo autor e levou-me a procurar na Internet informações que complementassem o meu parco conhecimento da sua obra (no meu currículo consta apenas a leitura da tetralogia "The Book of the New Sun" - considerada o seu melhor trabalho). Encontrei assim referência a um livro que escreveu em 1986, "The Soldier of the Mist", protagonizado por um mercenário oriundo do norte da península helénica, nos longíquos anos do século V A.C., que ao receber um golpe na cabeça perde a memória de curto prazo, necessitando diariamente de escrever tudo o que acontece após o momento da pancada, sob pena de o esquecer assim acordar para um novo dia. Recordei-me imediatamente: já vi isto em algum lado! O filme "Memento" de Christopher Nolan e um jogo de PC, "Planescape: Torment" assentavam o seu enredo em protagonistas que padeciam dessa mesma condição, se bem que com algumas variantes... Ambos os trabalhos possuem, na minha opinião, uma qualidade assinalável e não trarão porventura mácula ao conceito que terá sido criado por Wolfe no seu romance. Digo "terá sido criado" porque como antes não conhecia a influência deste romance no filme de Nolan e no jogo PC, também neste momento desconheço se o trabalho de Wolfe é resultado de uma influência anterior (nem sequer li o livro). Mas uma dúvida instala-se no meu raciocínio: serão estes trabalhos possíveis tributos ao conceito de Wolfe ou poderão ser considerados plágio? Creio que as minhas dúvidas poderiam ser esclarecidas se nos agradecimentos que geralmente constam da lista de créditos destes trabalhos fosse referido o nome de Wolfe. Mas neste momento não sei se isso ocorrerá. Acho perfeitamente legítimo ir buscar influências e inspiração em trabalhos de qualidade de outros autores, desde que lhe seja atribuído o devido crédito, e não se tente fazer passar por inovador e original. Até porque um bom conceito possui um potencial que raramente poderá ser explorado apenas por um autor, e que até poderá ganhar valor com a visão diferente proporcionada pela criatividade de diferentes autores.

Assim sendo recomendo vivamente:

Gene Wolfe - escritor magnífico de Sci-Fi
"Planescape: Torment" - Jogo PC da Black Isle
"Memento" - Filme de Christopher Nolan

quarta-feira, agosto 10, 2005

A Televisão nos Tempos da Agricultura

O sector da agropecuária estava bem vivo no Portugal dos anos 80, pois as tentativas de uma verdadeira reforma agrária deram grande incentivo a pequenos e médios agricultores e à proliferação de cooperativas em quase tudo o que fosse concelho rural.

A RTP andava atenta a este fenómeno, que se acreditava (e muito bem!) estar na base da economia de um país. Prova disso era o fantástico programa TV Rural, aos Domingos de manhã, apresentado pelo Eng. Sousa Veloso.

Este homem era o suprasumo da simpatia, da cordialidade e da afabilidade. Tratava com o mesmo carinho e dedicação o produtor de tomates do Ribatejo ou o pastor de Ovelhas da Golegâ. Afagava com tanta ternura uma vaca leiteira da Serra de Arga ou uma laranja de Silves. Toda essa reverência pelo produto nacional era parte de uma cultura transversal que começava nas Escolas Primárias, onde se estudava tudo o que era produzido em cada região do país, e acabava nas bancas das mercearias, onde os produtos ali estavam expostos sem a esmagante concorrência da fruta magrebina ou espanhola...

O Eng. Sousa Veloso era um amante das feiras de gado e de toda e qualquer actividade que mostrasse o produto das terras. Andava radiante, entrevistando criadores, gabando as reses, apalpando a fruta, imune ao cheiro das pocilgas e ao pó da terra batida.

Como eram aliciantes esses tempos de esperança... e que imagem dava o programa do sector produtivo em Portugal...Claro que tudo foi acabando com a entrada na CEE... hoje a nossa atrofiada agricultura é uma fonte de subsídios, as pescas são projecteis eleitoralistas na altura das eleições europeias e quase tudo o que comemos vem doutro país. Mais uma vez, os poucos poderosos ganharam sobre os muitos oprimidos... os latifundiários mantiveram direito a terras que não usam, os senhores da europa financeira ganharam-nos os mares e o gado e o leite e as moscas e a dignidade do agricultor...

E a ignorância triunfou, da triste forma que hoje já quase nem sabemos transformar uma espada num arado ou numa caneta. Abril bem tentou, mas falhou... (e um dos verdugos do falhanço anda a farejar uma cadeira que já ocupou!).

Resta-nos a memória do Eng. Sousa Veloso e do seu amor à terra.

E assim me despeço, com amizade...

Outro Trio Fantástico

Como tinha acabado o meu post a falar do Eng. Sousa Veloso, resolvi voltar ao assunto para recordar os tempos da "boa" televisão em Portugal, e principalmente, da sua essência, que eram as pessoas que a compunham. Dessas, guardo grata recordação de três comunicadores, extremamente diferentes entre si e que marcaram uma época. A saber, o já referido Sousa Veloso, simpático e cordial apresentador do TV Rural, o grande guru da animação Vasco Granja e o anda activo José Hermano Saraiva.
Se o primeiro granjeava a simpatia de todos os que o viam, os outros dois constituem, não raras vezes, alvos de polémica, especialmente pelas suas ligações políticas ou ideológicas. Nos próximos posts, vamos desmontar essa polémica e observar como eram figuras tão especiais da nossa comunicação social.
E espero obter muitos comentários, dado que estou a pagar à hora para escrever nas férias! Se isto não é amor à camisola, o que é então?

segunda-feira, agosto 08, 2005

E-insultos@mail.qualquercoisa.ru


Porra! Não consigo abrir a minha conta de e-mail do Gmail sem lá ter sempre pelo menos 2 ou 3 mensagens de spam!

E o mais aborrecido nem é ter sempre de apagar aquela m*rd@, mas sim ter de aturar as mensagens promocionais de Cialis e Viagra!

Isto de ter a virilidade atacada via e-mail é muito irritante! Só por causa disso vou ter de navegar pelo menos por 10 sites de gajas nuas, só para manter a reputação...

O Rancho Folclórico

De férias num sítio ainda quase rural, não é estranho, de tempos a tempos, assistir a um espectáculo de rancho folclórico. O que, sinceramente, me agrada, visto ser apologista de registos que nos lembrem o passado, se bem que não muito distante, em que o país rural (a Província) vivia à sombra da Metrópole, asfixiada num marasmo de ignorância e do seu aproveitamento político e social. Mas tem mais: é bonito ver a simplicidade dos trajes dos trabalhadores, das suas alfaias, em contraste com o ouro e a opulência dos mais abastados; fascinam-me, também, as actividades da altura, as circunstâncias em que se dançava, as letras das músicas reflectindo as preocupações de há pouco menos de um século atrás, os romances, namoros e namoricos, o controlo das mães, sempre zelosas, a alimentação; e a música, sempre acústica e tradicional, sempre excelente... todo um mundo que parece caído no esquecimento do qual o folclore parece querer dar o último grito de alerta.
Aliás, a palavra folclore é corruptela do inglês Folk (povo) + Lore (sabedoria), o que já explica muita coisa. A sabedoria do povo é a sabedoria do ritual quotidiano, transformado em actividades que servem para poupar energia essencial ao trabalho, e converter as ideias simples e a música em lazer, talvez o único disponível então, numa altura em que não havia sequer telefonia.
No entanto, preocupa-me a ideia de que algumas circunstâncias daqueles tempos sombrios tenham chegado incólumes ao presente.
A ignorância que é transversal na nossa realidade contemporânea, parece-me ser o fio condutor entre o passado e o presente. Apesar de quase cem anos passados desde a altura-tipo dos registos etnográficos a que podemos assistir, vivemos ainda num País toldado e inerte.
Os ranchos folclóricos, assim como todas as outras manifestações de etnografia, são cultura e merecem lugar de destaque. Merecem, também, ser compreendidos como algo mais que um registo, assumindo uma forma de consciência profunda daquilo que foi o nosso passado e as nossas raízes populares.
Só o esbatimento da ignorância do presente fará compreender a ignorância do passado e as suas causas. O problema é que a ignorância pretérita influencia, ainda, em larga escala, a nossa cultura.
Ainda não recuperámos de 40 anos de escuridão...
E que dizer de Barrancos e dos seus touros de morte? Assim como de toda a tauromaquia, que não é mais que um espectéculo de sofrimento de um animal, possante mas idefeso perante o engenho do homem. Aqui, este registo de tradição, ao contrário do folclore, já não me merece admiração nem respeito. Acho a tourada muito linda sim senhor, mas para ser confinada a um museu. Tanto pelo sofrimento do animal, como pela passagem do tempo ter mantido uma tradição assente em valores especistas e em comportamentos elitistas.
Mas isto é assunto para outro post...
Por agora, gostaria de dedicar este texto ao Rancho Folclórico de Portomar, na figura de Luísa Cupido, actualmente em digressão pelos Açores (volta rápido), com um grande abraço.
Prometo que para o próximo post, vou abandonar a influência do Eng. Sousa Veloso (que saudades dos Domingos de manhã) e vou voltar à carga pura e dura.

sexta-feira, agosto 05, 2005

Fruto de época

É verdade, meu(s) amigo(s)! (ler de uma ou outra maneira, consoante se acredite que só um tipo lê isto ou se acredite que por acaso do destino chegou mesmo a haver dois gajos que por aqui passaram!)

Este nosso blog é mais activo em determinadas épocas. Nesta altura do ano, as temperaturas convidam a outras actividades que não o posting... O calor causa uma letargia enorme nas partes criativas do cérebro, levando o nosso corpo a desviar as suas energias para... outras paragens! Assim sendo a nossa atenção vira-se para a actividade física e o consumo da fruta da época, que surge quanto os tempos começam a escaldar... Umas meloas (ou mesmo melões!), umas perinhas e outros frutos carnudos e suculentos... Assim funciona o nosso instinto, digamos, de preservação da espécie, e este vosso correspondente, como simples mortal que é, sofre dos mesmos efeitos... Por isso arredo-me do computador e desloco-me a paragens mais frescas!

Umas boas férias para vós...

segunda-feira, julho 25, 2005

E agora uma piada de mau gosto!

O meu irmão desdenhou da possibilidade de eu me tornar um funcionário público, referindo como piada que Hitler, no seu Mein Kampf, afirmava que a pior coisa que alguém se pode tornar é um burocrata. Compreendo a repulsa do Führer no que toca a burocracia. Imaginem o que seria se ele tivesse que preencher um formulário por cada um dos 6 milhões de judeus que mandou assassinar! Eu até acho que a Solução Final era para evitar a sobrecarga dos serviços do estado com a renovação dos B.I.s e as declarações de IRS daquela gente toda...

Agora vou prá minha cela penitenciar-me por dizer estas barbaridades...

Como desculpa posso dizer que isto é uma consequência do término de uma semana de férias e de uma segunda-feira estupidificante de trabalho acumulado!

A todos as minhas desculpas, principalmente às vítimas do Holocausto, o humor negro tem destas coisas...

quarta-feira, julho 20, 2005

Foi tudo de arrasto

O sensacionalismo jornalístico e o populismo securitário tiveram mais um abalo, para mostrar que meter medo às pessoas simples é algo de desprezível e condenável.
Já não vivemos na Idade das Trevas, porra!
Afinal, o arrastão não existiu. Diana Andringa tinha razão.
Mas semanas depois, estas notícias sensacionalistas só vieram provocar medo e dar azo a que, como nunca, se ouvisse a velha máxima de que "o Sr. Oliveira Salazar é que era!" e que "no tempo dele, andavam ali todos direitinhos, nem podiam dar um peidinho que fosse, ia tudo preso".
Além, claro, do aumento das tendências racistas.
Meus caros amigos, eu vou de férias. Hei-de ir à praia umas quantas vezes e não vou temer arrastões. Mais depressa os temo na faina, pois são muito piores as consequências da pesca de arrasto para o fundo dos oceanos, do que os arrastões que nunca existiram.
Até um destes dias, quando uma qualquer força misteriosa me impelir a buscar um computador e a regressar a estas lides.
Bem haja!

Higiene e segurança no trabalho

O insólito, quando ocorre, levanta sempre novas questões, e recorda velhos assuntos já esquecidos.
Passava eu há pouco por uma rua, quando me deparei com uma imagem de grande competência e consciência: uma meretriz varria, afincadamente, a sua esquina.
Talvez preocupada com o pó das obras que polulam na Cidade do Porto, e da sua influência na sua garganta, aparelho fundamental da sua profissão - como ferramenta apregoadora dos seus serviços, claro - a dita mariposa lá arranjou uma vassoura e pôs-se a varrer aquele pequeno pedaço de rua que lhe calhou em sorteio ou em convénio.
Estas preocupações são louváveis numa altura em que os riscos profissionais não se ficam por meras doenças contagiosas que se tratavam com penicilina. Já la vai o tempo...
Mas se esta lupanarina teve tão memorável preocupação, outras há que nem esta nem outra higiene se lhes afigura no cumprimento das suas obrigações profissionais.
Quando será que, num Estado de Direito em que vivemos, aquela profissão é legitimada?
A bem da saúde pública, num país onde a taxa de contágio de HIV cresce em homens com mais de 50 anos, algo devia ser feito neste aspecto, com obrigações de parte a parte. Obrigações que passam por controlo dos meios em que as actividades profissionais se dão, em termos de salubridade dos locais, utilização de métodos de barreira contra infecções, seguros de saúde e "check-ups" regulares, etc.
Legalizar a prostituição é, também, contar com uma maior fonte de receitas em impostos, com IVA a 21%, claro.
Num País que já se encontra submerso pela dependência do grande sector financeiro privado, são os profissionais liberais que têm que contribuir, por via da inovação e investimento, na dinamização da economia.
Por isso, deixem-se de tretas e liberalizem aquilo que tem que ser liberalizado.

sexta-feira, julho 15, 2005

Tributo

O meu colega F.S. indicou-me o seguinte endereço como a mais recente incursão do Mestre José Vilhena na Internet, autor que nós tanto apreciamos e admiramos... Esperamos um dia poder ter uma ínfima porção do seu talento e da sua incrível precisão crítica, que tão bons e divertidos momentos de leitura proporciona.

www.gaiolaaberta.blogspot.com

Apenas podemos lamentar o facto do blog não ser actualizado já há bastante tempo, o que me leva a temer pela idade avançada do Mestre.

Se tiverem oportunidade visitem o blog e apreciem as críticas humorísticas...

quinta-feira, julho 14, 2005

Extremos

Numa altura em que alguns de vós se questionam como foi possível ingleses natos terem perpretado o abominável acto terrorista em Londres, convém lembrar-vos que extremistas e religiosos fanátocos existem em todas as nações. De facto o "Ocidente" é berço de mais ignorantes por quilómetro quadrado que todo o Islão alguma vez foi ou será. À frente do pelotão vão os Estados Unidos, como não poderia deixar de ser. Deixo-vos com duas fotos da Igreja Baptista de Westboro. É caso para dizer que Jesus era um tipo porreiro - não merecia uma coisa destas...





quarta-feira, julho 13, 2005

Lully

Giovanni Battista Lulli nasceu em Florença no ano de 1632. As suas origens eram humildes, o seu pai um simples moleiro. Num inesperado golpe de fortuna ("Fortune presents gifts not according to the book..." apetece trautear) é contratado aos 14 anos por um cavaleiro francês - Roger de Loraine, que o leva para Paris onde deve ajudar a sua sobrinha Mlle de Montpensier a praticar italiano. Durante 6 anos o jovem Lully permanece ao serviço desse cavaleiro na Corte das Tulherias, frequentando bailes e divertimentos da corte, onde adquire um notável conhecimento das danças e temas da época. Nesse período também estudou alguns instrumentos musicais e aprendeu composição. Mlle de Montpensier é exilada quando Lully tem 20 anos, mas este que tem já um notável círculo de contactos em Paris, não trocará mais a sumptuosa corte francesa por um moínho em Florença. Afinal que ritmo novo lhe poderia trazer a mó que Lully já o não tivesse ouvido nas Tulherias?

Terá sido em 1653, quando Lully dançou num ballet com o jovem rei Luís XIV (com 14 anos nessa altura) que este terá adquirido por Lully uma singular amizade e consideração. Em Março desse ano Lully é nomeado "Compositor da Música Instrumental do Rei", sendo responsável pela música dos bailados da corte. Distingue-se pela sua dança, composições, direcção de orquestra e capacidades cómicas. Em 1661 começa a chamar-se a si próprio "Jean-Baptiste de Lully, escudeiro, filho de Laurent de Lully, cavaleiro florentino". Naturaliza-se francês e casa com a filha do mestre de música de câmara do rei. Estaremos agora a meio da história de Lully, mas gostaria de convidar o meu leitor a ver o filme "Le Roi Danse" de Gérard Corbiau (realizador de "Farinelli: Il Castrato") que conta bastante melhor a história de Lully e de Luís XIV do que eu alguma vez conseguiria. A banda sonora do filme editada pela Deutsche Grammophon (em Super Audio CD!) é também bastante digna de nota. É a interpretação de temas de Lully pelo ensemble Musica Antiqua Köln liderado por Reinhard Goebel. Leram. Agora vejam e oiçam.

terça-feira, julho 12, 2005

E por falar em terroristas...



Andavam a entregar este panfleto nas ruas do Porto, ontem.
Dá vontade de ver até que ponto chega a hipocrisia dos americanos.

segunda-feira, julho 11, 2005

Terror e Opressão: o ciclo vicioso

Nova York, Madrid, Londres. Gaza, Belfast, Bilbau. Telavive, Srebenica, Bagdad. Atentado, Atenção, Retaliação. Terror e Opressão.
Se o terrorismo é injustificável, imperdoável, repudiável, o contra-terrorismo opressivo é apenas uma forma de legitimar o terror aos olhos dos terroristas. Polémica ideia, esta de dizer que, ao combatermos os terroristas, apenas temos contribuído para o seu encrispamento e para a escalada das suas execráveis actividades. Polémica ideia!
Porque o nosso racionalismo ocidental não encontra racionalidade no terrorismo. Porque não o distingue nas suas formas. Porque receia, fundamentalmente, tudo o que possa comprometer o seu “life style”, o seu quotidiano, a sua paz e tranquilidade, a sua qualidade de vida, o seu “wellfare”, construído, muitas vezes, sobre a exploração dos mais fracos.
Por menos racional que nos pareça um terrorista, isto não nos impede de nos colocarmos no seu lugar, de ver o mundo através dos seus olhos. De tomar uma perspectiva de 3ª pessoa.
Aí, saberíamos que as razões de aterrorizar de um nacionalista basco são diferentes das do palestino. O medo pode ser a arma mais forte dos dois, mas as motivações são distintas. Se no País Basco é o veneno do nacionalismo que corre no sangue desses sápatras, na Palestina é o fundamentalismo religioso que, não sendo fundamento de terror, serve para encorajar gente espoliada há dezenas de anos dos seus direitos fundamentais, a se rebelarem da forma mais eficaz que conhecem, da pior forma possível, mas no entanto, possível.
Nesta altura da minha narrativa, é extremamente importante distinguir justificar de explicar. A meu ver, tem sido a incapacidade desta distinção que tem impedido a compreensão do fenómeno do terrorismo. Eu, como defensor dos Direitos Humanos, considero o terrorismo injustificável. Isso não significa que não seja explicável. Pode e deve ser.
A História tem uma enorme capacidade de explicar o terrorismo. A sua origem foi sempre a opressão e a sua cura foi sempre a integração.
(Atenção, americanos: as palavras opressão e integração não são sinónimos, ao contrário do que as vossas acções têm preconizado.)
Veja-se o exemplo da Jugoslávia de Tito, onde não havia conflitos étnicos ou religiosos. Todos eram membros de uma sociedade, todos trabalhavam para o bem comum. Bastou a fragmentação da bela Jugoslávia ser aproveitada por uns quantos líderes populares e populistas inexcrupulosos, para se assistir a uma escalada de nacionalismo doentio e de fundamentalismo religioso destrutivo.
Assim, oprimir é negar a alguns os seus direitos fundamentais. Integrar é formar uma sociedade assente, sobretudo, na Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Integrar é formar uma sociedade respeitadora, por exemplo, da liberdade religiosa. De professar uma religião livremente, o que significa que esta actividade não interfira com a liberdade de outro Ser Humano professar a mesma ou outra religião. Assim, uma sociedade integradora tem, por princípio, que formar um Estado laico.
Que seria de Israel se a sua autoridade enquanto Estado não emanasse de escrituras sagradas? Poderá haver verdadeira cidadania quando alguém que professe dada religião, nasça e tenha que viver num país onde as regras para todos os seus habitantes radicam noutra religião?
Outra faceta da integração é a educação. Educar para os Direitos Humanos, para a cidadania, para a tolerância e solidariedade é essencial para formar sociedades livres e pacíficas.
Ideias como o nacionalismo, a xenofobia, o racismo, podem ser facilmente desmontadas com recurso a uma educação humanista e social.

A nós, cidadãos do Planeta Terra, que assistimos à derrocada da maior parte das sociedades e ao anúncio da doença da civilização contemporânea, resta-nos imaginar um mundo melhor e lutar por ele.

sábado, julho 09, 2005


Baratinhos...

sexta-feira, julho 08, 2005

Crónica de mais um Verão

08/07/2005. 9h30m. Antas, cidade do Porto.

Os prédios estão tingidos por uma luz laranja pálida, inconsistente com a hora do dia e a altura do ano. Um rápido olhar para o céu desvenda a razão. Um véu cinzento carregado corrompe o azul vivo que a metereologia justificava para um céu de Verão, filtrando a luz solar. Nas ruas, uma anormal quantidade de partículas, um pouco à semelhança de uma pequena praga de insectos, esvoaça por entre os transeuntes.

Cinzas.

Sintomáticas dos 21 fogos que lavram no distrito do Porto.

Continuamos sem solução para um problema crónico, agora agravado pela severa seca que o País atravessa.

quinta-feira, julho 07, 2005

Feira

Da minha recente passagem por uma feira, tipicamente portuguesa e igual a qualquer outra, trago duas ideias que não podia deixar de compartilhar convosco. A primeira é que os vendedores, quando tem um produto que julgam que vai vender bem, sejam umas meias de imitação Hugo Boss, ou um lote de camisas Lacoste contrafeitas entram num frenesim que me faz lembrar as estrelas de rock nos palcos: Berram, uivam e contorcem-se, visivelmente excitados. Suam e os seus olhares brilham, com a adoração dos compradores, que viram e reviram os produtos, mergulham a procurar o que está mais abaixo, vestem e experimentam junto à banca... O vendedor num crescendo de excitação, sobe para cima da banca dos produtos (parece que vai fazer stage-diving!) e continua a berrar, a apelar que comprem, comprem!
A outra ideia é que nos corredores onde se agrupam os produtos que estão a vender menos - pois a atracção do momento está no que atrás relatei - as vendedoras saem da sua barraca e aproximam-se dos potenciais clientes sorrateiramente e com voz meiga pedem: "Compre aqui qualquer coisinha"... Fazem exactamente lembrar as putas de rua. A atitude, a entoação, a movimentação é exactamente a mesma. Curioso.

07/07/2005

Mais um dia negro marcado na história pela vergonha...

Seja qual for a razão que pensamos que nos assiste, a sua expressão através do terrorismo ou outra qualquer forma de violência, arruina por completo a mais nobre das causas...

A força física (entenda-se violenta) não confere força moral às nossas convições, gerando apenas mais ódio e medo, alimentando assim a fogueira dos conflitos e diminuindo exponencialmente as probabilidades de resolução de qualquer problema...

"Olho por 0lho, dente por dente"

Nada poderia ser mais errado... Conflitos prolongam-se nos anais da história através da violência repetida, ora para um lado, ora para o outro, perpetuando o ódio como um tipo qualquer de ping-pong ridículo... Tu mataste o meu pai, eu vou-te matar, apenas para enfrentar depois a morte às mãos dos teus filhos, e assim sucessivamente...

Respeito. O método ideal para um bom início... O amor fraternal entre todos os Homens é utópico. É óbvio. Mas o respeito mútuo é possível e absolutamente fundamental.

Resta-nos nunca perder a esperança...

quarta-feira, julho 06, 2005

Paquidermes

Uma das mais engenhosas formas de ganhar dinheiro que me lembro era aquele elefante do Jardim Zoológico de Lisboa que tocava uma sineta quando lhe davam uma moeda. Ora eu, fui uns do que lhe puseram uma moeda na tromba, enquanto criança. Lembro-me que o bafo que vinha de dentro era quente e húmido que o dito apêndice era salpicado de pêlos, quase lúbrico. Observei maravilhado a destreza do animal, a pegar na dita moeda das minhas mãos estendidas. Pensando bem é triste ver um mastodonte daqueles a ser explorado daquela forma, mas os benefícios que obteve era maiores que os vícios sofridos, suponho. Faz-me lembrar um episódio de um dos romances do Patrick O'Brian: certa vez trouxeram a bordo uma preguiça, para o Dr. Stephen Maturin estudar, mas que era tratada como mascote do navio pelos marinheiros. Ora estes induziram na criatura, por a acharem sempre sisuda, um singular vício, que se tornou dependência, muito para gáudio dos seus promotores e para desespero do Dr. Maturin: O rum.

Noutra ocasião enquanto criança tive a experiência de montar um elefante, qual Aníbal Barca a transpor os Alpes. Não que eu soubesse quem era Aníbal na altura, mas era claro que quem quer que montasse uns destes animais tinha e ser uma pessoa importante. Foi o meu avô que pagou a aventura, depois de uma sessão de circo. Tive direito a uma fotografia tirada por uma Polaroid montado naquele dorso enorme, que as minhas pernas mal podiam abranger. Lembro-me que o animal tinha uma corrente à volta do pescoço, onde me agarrei com firmeza. Dessa experiência retenho a textura singular da pele do animal e o seu cheiro particular. Quando agora recordo esses momentos não consigo imaginar o odor do elefante, mas sei que o reconheceria em qualquer lugar, tal como qualquer homem reconhece o perfume de uma velha amante, quando este o envolve de novo, por mais anos que sejam volvidos.

Acho que o Jardim Zoológico está a treinar outro animal para aquele serviço importante nos jardins da Residência Oficial do Primeiro Ministro. Desta feitas só aceita notas.

Porto dos pequeninos

O centro do Porto está a morrer. Assim a realidade teima em ir mais uma vez contra sucessivas vontades políticas (se serão boas ou más deixo para posterior reflexão). A partir de uma certa hora da noite a cidade torna-se practicamente morta. Como centro considero a àrea que vai de Sta. Catarina a Cedofeita, delimitada pela Praça da República e pela Estação de S. Bento. Na zona de Sta. Catarina vale a Fnac aberta até à meia-noite. O shopping Via Catarina fecha portas às 23, e não sei como funciona de estacionamento. A única altura do ano em que essa zona tem acção permanente durante uma semana é durante o Fantasporto - aliás, já o seu mentor, Mário Dorminsky se referiu a este problema em palavras muito similares a estas. Ele afirma mesmo que sente a única pessoa a morar no centro do Porto - é capaz de ser verdade. A zona de Carlos Alberto até aos Clérigos vai tendo alguma vida durante a semana... Lembro-me da frase que nessa zona li numa parede à uns anos: "Monstros com Cérebros Humanos". Parece referir-se directamente aos homens do leme que podem tomar decisões para inverter esta situação e não o fazem (naquela altura ainda não se tinham descoberto os escantilhões e as latas de spray...). Mas também a verdade é que a culpa não é toda dos políticos - é da sociedade em si. Porque afinal não vão morar as pessoas para o centro da cidade? Parece-me que não é atractivo morar no centro por uma variedade de razões, entre as quais estão: preço, relação preço/qualidade. Os presidentes da câmara do Porto podem dar as voltas que quiserem que enquanto um T0 recuperado custar no centro do Porto 20.000 contos não há nada a fazer. É evidente que as zonas do centro também não são trendy como umas Antas ou uma Foz. Nas traseiras da Rua de Sta. Catarina criam-se galinhas e cabritos. É verdade. Ora um pessoa "normal", não vai normalmente escolher uma casa recuperada, por melhor que esteja, quando vai ter tectos de 4 metros de altura e quartos de 2 por 2... E principalmente quando por vizinhos vão ter a Dona Miquinhas, com 70 anos e 2 tromboses de um lado, e a galeria de arte moderna, com café, bar e sala de exposições dos recém-licenciados em Belas-Artes do outro... Também é verdade, e temos de que admiti-lo por mais que nos doa, que Porto e seus habitantes não são propriamente cosmopolitas. Vá o leitor a uma Terça ou Quarta à noite a um restaurante em Lisboa e verá pessoas a jantar e a conversar, enquanto que no Porto só se faz isso ao fim-de-semana, quando se faz...

Outra coisa: alguém me explica o que é aquele símbolo, um mais e um menos colado nas parede da Baixa?

terça-feira, julho 05, 2005

A Pérola do Atlântico...

... é governada por um bronco. Deste facto, parece-me, não restam dúvidas a ninguém!

As mais recentes declarações do menino Alberto João, pouco subtilmente xenófobas e racistas, atestam mais uma vez que existe algo naquela cabeçorra que não vai bem.

Cada vez mais concordo com uma teoria expressa por Rui Zink, nos tempos do saudoso programa de TV "A Noite da Má Língua", em que este afirmava que deveria ser dada a independência à Madeira, tão desejada por Jardim, para depois podermos bombardeá-la à vontade! O único senão era perder uma bela paisagem e um desejado destino turístico... Mas não é uma solução que os nosso governantes façam questão de aplicar... É pena!

Assim sendo, a Madeira continuará entregue ao Alberto João e a quem vota nele.

Sinto-me na obrigação de afirmar que isto sim, é dar pérolas a porcos!

terça-feira, junho 28, 2005

À sombra do baobá

Diz a "rap sheet" de Stéphane Picq no Moby Games que desde Outubro de 1998 que este se encontra em Madagáscar procurando um novo estilo de vida. O Stéphane é o autor de algumas bandas sonoras de jogos de computador, particularmente a do Dune lançado pela Virgin Interactive em 92. O CD que veio com algumas edições especiais - o "Exxos-Spice Opera" - tem estatuto de culto na malta que gosta de música sintetizada, jogos de computador e Dune. Este álbum é talvez o melhor para acompanhar a leitura dos livros do Frank Herbert (melhor certamente que a banda sonora dos Toto...). Estou curioso por saber o que será feito do Stéphane e como passa os dias actualmente. Pensei mesmo em fazer um site estilo "Where is Matthew Smith?". Não sabem quem é? Quando não se sabia onde andava o criador dos hits 8-bits "Manic Miner" e "Jet Set Willy" foi criado um site - e uma série de contributos surgiram relativamente ao seu paradeiro. Até ele próprio chegou a contactar o autor do site contando-lhe o que havia feito e o que planeava fazer. Como o site já não está online (foi parar ao céu cibernético da cor do céu de Chiba...) vou-vos dizer o que me lembro. O Matthew ficou milionário (ou perto disso) bastante novo, só que era um tipo com umas ideias "avant-garde".



"Things get hairy when we get machines which are more intelligent than us," he says. "I keep going on to Alan and Tommy when they are planning to take over the world. I want to lead a simple life. I think a lot of people do. The world can't sustain itself. The time comes when we can't all be comfortable and happy and warm and fed, We have to blow ourselves up or find a way of being contented. There is not enough land, True communists are people who live in communes, villages, tribes. I'd like to live like that, but always with the communications we've got. There should be an end to cities. Cities should have walls around them to keep the city in,"
(Sinclair User, Dezembro de 84)

Como para se viver como milionário tem de se ser forçosamente estúpido, e o Matthew de estúpido tinha pouco foi eventualmente parar a uma comuna na Holanda onde trabalhou como mecânico de bicicletas. Parece que não tinha grande acesso a computadores, mas tinha por alturas de 2000 um compilador C e um 486 (ou coisa parecida) segundo me lembro de um mail que enviou ao criador do site "Where is Matthew Smith?". Recentemente regressou a Inglaterra, onde até participou num show televisivo e tem um site (offline infelizmente) onde ensina a programar em C (pelo menos julga-se que é dele). Intitula-se a si próprio Matt of the Earth.

Existem pessoas diferentes e bafejadas pelos Deuses. Se calhar é melhor deixar o Stéphane descansar à sombra de um baobá, enquanto eu o invejo por poder ter feito essa escolha.

Para saberem mais sobre estes assuntos façam o favor de visitar:
Stephane Picq's Musical Ship - o seu site, sem updates desde Outubro de 98 (coincidência não é :P ?)